Li lá no spectorama as melhores bandas são aquelas que você lembra da primeira vez em que as ouviu, e no que eu li isso lembrei automaticamente de Talking Heads. A primeira vez que ouvi algo deles foi num comercial do jeans Lee, onde tocava uma versão instrumental de The Lady Don´t Mind. Fiquei um bom tempo com aquela música na cabeça, sem saber nada sobre ela. Assim, quando eu vi aquele disco com uma capa completamente doida nas Lojas Colombo à venda por um preço baixíssimo eu não comprei ele por causa da música, mas sim por causa da capa comprei. É, comprei sem ouvir nem nada, já que era uma época e um local onde os discos eram baratos. Pensei que um disco com uma capa tão maluca só podia ser coisa boa. E esse disco era justamente Little Creatures, onde não só tocava The Lady Don´t Mind mas outras coisas como And She Was, Television Man, Road to Nowhere e por aí vai. Fiquei tão entusiasmado com o disco que sai quase que correndo para as Lojas Colombo comprar o outro disco do Talking Heads que eu tinha visto à venda lá mas que deixei de lado.

Lembre-se que eu comprei o primeiro pela capa sem ouvir, e o que eu deixei de lado a capa era completamente preta. Sim, estou falando de Fear of Music, o disco que me apresentou o frippertronic, me mostrou o que era world music e me revelou o que era experimentalismo.

E se Little Creatures era uma maravilha pop, Fear of Music era uma maravilha musical, um universo sonoro enorme, cuja experiência auditiva só foi superada pelo magnífico Remain in Light, que para mim é o melhor disco de todos os tempos. Melhor que Velvet Underground, melhor que Beatles, melhor que tudo.

Sim, Talking Heads: essa é para mim A banda. Pode rir. Eu, sorrindo ao me lembrar daquela tarde, não me importo.