Quando a gente vê uma pessoa com coragem tem que mais que dar apoio para ela. Eis duas mensagens que enviei hoje acerca de um fato que ocorreu quando eu estava voltando de Garopaba:

To: “Secretaria de Turismo do Estado de Santa Catarina” (santur@santur.sc.gov.br)
Subject: Protesto acerca de ônibus imprudente

Caros senhores da SanTur

Peço desculpas se envio tal protesto para os senhores, mas tenho confiança de que os senhores repassarão esta mensagem para a autoridade competente.

No dia 27/02/2001, terça-feira, estava eu voltando para minha casa, em Taquara – RS, após desfrutar o Carnaval em Garopaba, quando passamos a enfrentar um congestionamento na BR-101. Até aí, nenhum problema, já que o fluxo de trânsito era realmente intenso e esse tipo de coisa acontece. O problema foi que o ônibus 984 (Cidade de Imbituba), placa MAI 3649, no trecho entre Imbituba e Laguna, entre as 19h40m e 20h, tentou circular pelo acostamento. Contudo havia um carro andando pela direita, acompanhando o fluxo do trânsito (placa IHS 4880, de Guaíba-RS), de forma que motoristas imprudentes, tal qual o condutor deste ônibus, não tinham como seguir adiante na sua conduta irregular. Eu estava de passageiro num carro logo atrás deste veículo e pude ver quando o condutor do ônibus começou a “jogar” o ônibus sobre o mesmo, ameaçando de bater na traseira do veículo, a fim de que este liberasse o fluxo ilegal. O condutor do ônibus não se pareceu se importar com o fato de que haviam crianças dentro do veículo, apenas com o fato de que havia um obstáculo em seu caminho. É inadmissível que um motorista aja dessa maneira, de forma ilegal e ameaçando a integridade de outras pessoas. Aliás, ao tentar conversar com o motorista, chamando a atenção para o fato de que a atitude dele apenas servia para atravancar ainda mais o trânsito, ele disse que estava alí “para trabalhar e não por prazer”, como era o caso de nós turistas que voltavamos para casa. Até parecia que estávamos parados num congestionamento por escolha própria…

Não sei que tipo de providência pode ser tomado contra tal motorista ou contra a empresa de ônibus (Cidade de Imbituba), mas o fato é que, independente se o condutor tem um horário a cumprir, se este está trabalhando ou não, a lei de trânsito não pode ser descumprida, assim como uma pessoa que está agindo de forma que a lei seja cumprida não pode ser ameaçada.

Muito obrigado pela atenção

E esta eu enviei para a Zero Hora, Diário Catarinense, Folha de Santa Catarina e pro ClicRBS, além do Rogério Mendelsky:

Gostaria de tornar público a minha admiração pelo motorista do carro IHS 4880, de Guaíba, que durante o congestionamento ocorrido terça-feira (27/02/2001) no trecho entre Imbituba e Laguna (SC), possicionou o seu carro no acostamento, onde acompanhava o fluxo do trânsito, evitando que motoristas imprudentes trafegassem pela direita. Várias vezes esses motoristas (incluindo o motorista do ônibus Cidade de Imbituba 984, placa MAI 3649, entre as 19h40m e as 20h) ameaçaram e xingaram o motorista de Guaíba, mas ele não arredou do seu papel de cidadão respeitador da lei.

E hoje me surpreendi: nunca fui de dar esmolas, mas quando estava no Vienna Shopping hoje de noitinha (eram umas 20h) tomando um café expresso um engraxate de sapatos, vendo que eu estava de tênis, perguntou se eu tinha uns trocadinhos para dar para ele. Perguntei o que ele ia fazer com o dinheiro e ele disse que era para comprar o material escolar dele. Fiquei conversando com o garoto e ele me falou que precisava de 43 reais, já que 35 eram para os cadernos, livros, etc, e 18 para uma mochila nova, já que a que ele usava a três anos estava completamente arrebentada. Fiquei sensibilizado e saí com ele até camelódromo da rodoviária, que era o único lugar ainda aberto onde haviam mochilas à venda e comprei uma para ele. Para mim o que são 18 reais? Quase nada, mas para ele, que tem uma mãe que trabalha como doméstica e o pai foi expulso de casa (“um cachaceiro”, segundo ele), é um dinheiro considerável… Além do que é sempre bom dar uma força para quem quer continuar estudando.