Tempos atrás eu fui inventar de dizer que software com o código fechado era imoral. Teve gente que chiou e eu fui procurar argumentos para justificar meu ponto de vista. Procurei durante alguns meses e nada, até que tive que jogar a toalha e afirmar que software com código fechado não era imoral. Sim, falei besteira, e tive que voltar atrás nas minhas palavras.
E não é que vejo agora que um dos advogados da Free Software Foundation inventou de falar a mesma besteira que eu? Pior ainda: ele não está reclamando do fato de um software ser distribuído com o seu código fechado, mas sim está reclamando do fato de que um software modificado para atender a demandas internas não tem tais mudanças divulgadas. Com isso ele está indo contra a própria GPL, que especifica na cláusula 2:
Portanto, esta cláusula não tem a intenção de reivindicar direitos ou contestar seus direitos sobre uma obra escrita inteiramente por você; a intenção é, antes, de exercer o direito de controlar a distribuição de obras derivadas ou obras coletivas baseadas no Programa.
Oras, o Google, ou o Yahoo!, ou qualquer outra grande empresa que adota um software livre e customiza ele não tem qualquer dever de deixar essas mudanças à vista. Isso configura muitas vezes o diferencial competitivo do negócio, de forma que revelar tais segredos tiram sua vantagem em relação aos concorrentes. E ficar argumentando que tais empresas “têm responsabilidades éticas e morais de retornar pelo menos as modificações que são críticas ao seu negócio e que têm valor à comunidade” é algo sem sentido. Mas o pior é o que é dito logo em seguida: “Veremos com o tempo se serão necessárias medidas adicionais para garantir colaboração na comunidade”.
Opa! Desculpe, mas eu entendi direito? Quer dizer que estão pretendendo fazer com que em futuras versões da GPL, ao se modificar um software livre, essa modificação tenha que ser liberada? Quer dizer que se uma empresa pega, por exemplo, um sistema de ERP livre e modifica ele para atender à necessidades da empresa essas modificações tem que ser “devolvidas à comunidade”? Oras, isso não é somente ridículo, mas abusivo, pois justamente contesta os direitos sobre a obra, caindo em contradição com o que a segunda cláusula diz.
Por favor, alguém me diz o que diabos esse pessoal da FSF coloca no chá deles, para ficar fazendo viagens desse tipo…