MeioBit – Boa notícia: Opera roda no OLPC. Má notícia: Negroponte é um xiita
HÃ¥kon Wium Lie, que embora seja norueguês e tenha nome de variedade de bacalhau na verdade é Chief Technology Officer da Opera Software. Ele escreveu um texto, super-excitado, sobre a chegada de um OLPC (o computador de €100) em seu blog. Nele conta como correram para experimentar a versão 9.1 do Opera na minúscula máquina.
Como demonstração da robustez do código, em tempos de bloatware, o Opera instalou sem problemas, rodando redondinho e aproveitando ao máximo os 200DPI da telinha, gerando imagens excelentes. Vejam, não é uma versão resumida, hackeada ou limitada. É o Opera full. Isso quer dizer que as crianças podem ter a mesma experiência que teriam navegando em uma maquina dezenas de vezes mais cara, além de acessar todos os outros recursos, como email, news, bit torrent, etc, certo?
Errado. Opera não é Open Source, Nicholas Negroponte e outros declararam que o OLPC só trará programas Open Source.
<sarcasmo>É isso aí. Viva a liberdade.</sarcarmo>
Confesso que quando li essa notícia aí no MeioBit achei estranho, pois o tom dela tem mais a ver com o Baboo… Ah, tá, foi escrita pelo Cardoso, e ultimamente ele tem se preocupado mais em ser famoso do que com o que escreve, ok, ok… Assim sendo, creio que é mais do que hora de alguém dar um puxão de orelha no Cardoso, pois está havendo tanto deslumbramento no esforço dele ser o primeiro pro-blogger brasileiro que algumas coisas estão sendo deixadas de lado.
Primeiro vamos colocar o seguinte: o fato do Opera rodar no OLPC não é uma surpresa. Há uma versão Linux do Opera que não é de hoje, o OLPC não difere muito de outras distribuições, etc, etc… Quem se der ao trabalho de instalar o emulador do OLPC na sua máquina, inclusive, vai ver que instalar o Opera é de fato possível. Não digo que seria trivial para uma criança, mas um tio mais dedicado pode muito bem fazer isso. E porque então não é instalado o Opera em vez do Mozilla adaptado que está lá? Bem, vale lembrar mais uma vez: por trás do OLPC há um projeto pedagógico. Tanto há que a interface do browser no OLPC foi simplificada ao extremo.
Outra questão que deve ser levada em conta é que o Projeto OLPC desde o começo se posicionou dizendo vamos usar software livre. Não é questão de xiitismo, de ser radical, é uma questão prática, como se pode ver nos motivos lá listados. Talvez a maior prova de que o Negroponte não é xiita é o acordo feito com o fornecedor das placas wi-fi de não divulgação de informações, o que vai contra tudo o que os radicais do software livre assim como as críticas que o próprio fez ao Linux. Além disso coloque um software proprietário no projeto e começam problemas de controle sobre o que a ferramenta vai fazer, questões de licensiamento, definições de se esse computador pode ou não ter uma versão comercial (faz parte do projeto, já que a venda desses vai subsidiar a produção dos destinados para as crianças).
Como se vê não é só uma questão de “liberdade”. Como já falei outra vez o OLPC poderia muito bem usar o Windows no lugar, só que mais importante do que os programas que rodam nesse laptop é a visão pedagógico por trás dele. Oras, se simplificaram o browser de que adianta botar uma versão do Opera cheia dos penduricalhos? Para um pouco e pensa antes de sair chutando o balde Cardoso!