Pois é, como eu tenho o estranho hábito de, ao saber que um ator/atriz/diretor(a) que eu gosto está fazendo uma versão de algum livro que eu não vi eu procuro ler esse livro quando possível. Pois bem, a questão de 3 semanas atrás fiquei sabendo que a Angelina Jolie vai participar de um filme baseado no livro Atlas Shrugged (aqui no Brasil foi lançado com o título “Quem é John Galt?”), de Ayn Rand e catei o livro em uma biblioteca. Não li ainda todas as quase 900 páginas do livro, mas já passei por quase dois terços dele. O livro em questão é um romance de tese (isto é, um romance onde as idéias são mais importantes que a própria narrativa) procurando fazer uma defesa do capitalismo. Para alguém como eu que cresceu lendo muitas obras de esquerda a sensação de ler esse livro é bastante estranha, visto que tudo que eu aprendi como sendo bom é apresentado como sendo o mal puro e simples, no melhor estilo Seleções do Reader’s Digest anos 50. Por exemplo o livro massacra o velho lema marxista “De cada um, conforme sua capacidade, para cada um, conforme sua necessidade”, mostrando que isso só leva à exploração insana da capacidade produtiva. Eu, da minha parte, acho que a Ayn Rand extrapolou na crítica, mas tal crítica minha pode muito bem ser resultado da reação com a minha bagagem intelectual anterior. Quando acabar de ler o livro vou poder fazer uma reflexão melhor do mesmo e ver com o que eu concordo ou não ali.
De qualquer maneira, do jeito que está indo, estou recebendo com muita simpatia algumas das idéias, visto que muitas das coisas que eu critico no meu antigo partido (para quem não sabe fui filiado durante anos no PT) está ali formulado de forma clara. Aliás, falando em PT é bastante irônico saber que esse livro aí é o livro de cabeceira do Antônio Palocci, o que talvez explique muito da linha neo-liberal assumida por ele durante o período que ele foi ministro da Fazenda. Enfim, o caso é que esse livro aí está me ajudando a rever muitas coisas que eu carrego comigo, que eu tenho como sendo base para a minha vida, e que vejo agora mais me atrapalharam do que ajudaram.
E para quem quiser entender como é a postura da Ayn Rand recomendo a leitura desse monólogo feito pelo personagem Francisco d’Aconia: O dinheiro é a origem do mal? Vale realmente a pena ler.