Pois é, esses dias me manifestei contra as cotas para ingresso em universidades. E hoje li no blog do CrisDias mais um motivo para reforçar o fato de ser contra. Contudo, ao enviar o link da notícia da Folha para a lista de discussão do Projeto MetaReciclagem, onde estamos discutindo o assunto, o Tupi respondeu com uma do arquivo dele:
Estado de São Paulo – Cotista da Uerj ganha bolsa no Japão
Melhor aluno de Português-Japonês, ele foi escolhido em seleção internacional
O estudante Joelson Souza de Santana, de 23 anos, ganhou bolsa do governo japonês para estudar por um ano na Universidade de Estudos Estrangeiros de Osaka. Melhor aluno do curso de Português-Japonês da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), foi escolhido numa seleção entre candidatos do mundo todo. Negro, Santana foi admitido na Uerj pelo polêmico sistema de cotas. “Não acho que a minha aprovação vá diminuir o preconceito contra os cotistas. Mas é um exemplo de que vir daqui ou dali não é tão relevante. Potencial todos temos. O importante é se esforçar”, disse o estudante.
Ele reconhece que a formação em escola pública deixou algumas deficiências, como em língua portuguesa, mas o prejuízo não parece ter sido grande. “Até há pouco tempo, não sabíamos que ele era cotista”, disse a supervisora do Programa Brasil-Japão da Uerj, a professora Satomi Kitahara. Ela explicou que Santana foi indicado para a seleção por ter as melhores notas do curso e ter sido aprovado em teste oral e escrito. Ele ainda foi avaliado pela universidade e pelo Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia do Japão. “Joelson é muito esforçado. Acredito que a força de vontade ajude a superar possíveis dificuldades”, disse ela.
Filho de uma empregada doméstica e um motorista de caminhão, Santana sempre teve curiosidade pela cultura japonesa. Mas optou pelo estudo da língua pensando no mercado de trabalho: “Há poucos profissionais formados nessa área.”
No 3º período da faculdade, o jovem alcançou o nível intermediário da língua, que permite falar e escrever. Ele se dedica integralmente aos estudos – de manhã, assiste às aulas e à tarde é monitor de japonês, trabalho que rende a bolsa mensal de R$ 190.
No Japão, Santana receberá US$ 1.300 por mês a título de ajuda de custo e viverá num alojamento da universidade. A viagem também será paga pelo governo japonês.
Logo em seguida veio a pergunta na lista: “Sem o sistema de quotas ele estaria fora da universidade?”
A resposta me pegou de surpresa: SIM.
Ele obteve no vestibular um total de 49,55 pontos. E a pontuação mínima para classificação sem reserva foi de 52,65 pontos. Ou seja: se não fossem essas 8 vagas ele estaria fora da universidade, ele não teria tido a chance de se destacar.
Pois é, vou repensar melhor sobre a validade ou não do sistema… Ainda acredito que tem que se melhorar o ensino básico, o próprio Joelson colocou que ele teve um ensino deficiente, mas o caso é que, de qualquer maneira, sem o sistema de cotas, ele estaria fora do jogo.
Update: opa opa opa, entendi errado!!! Ao todo eram 11 vagas e ele ficou em 9º lugar (vide em “Situação na Subopção” a classificação do candidato na subopção independente da reserva de vagas) de forma que com ou sem o sistema de cotas o Joelson teria entrado. Na verdade, se ele fosse uma pessoa que não fosse contemplada pelo sistema de cotas ele teria ficado de fora.