Do Tony, falando sobre Donnie Darko no (ótimo, por sinal) blog Os Jovens Turcos:
Uma obra de arte perfeita necessita ter todos os elementos para sua compreensão dentro dela mesma. O filme não tem. Tu precisa catar na Internet o livro dentro do filme, Philosophy of Time Travel, para poder compreender 50% do final. Pessoalmente, achei isso muito legal na primeira vez, pois tive que sair lendo trinta mil coisas sobre viagens no tempo, relatividade, Deus, livre-arbítrio e todos os etceteras para poder entender o filme. Atualmente, acho que o Kelly podia ter sido um pouco mais bondoso com o espectador.
Obrigado Tony. Era bem essa a frase (“Uma obra de arte perfeita necessita ter todos os elementos para sua compreensão dentro dela mesma. “) que eu precisava para explicar porque acho que Magnólia não é essa maravilha toda. Vale lembrar o que o Mac escreveu a respeito no blog dele tempos atrás:
outro dia lá no mack, o charles mandou uma: “a chuva de sapos estraga o filme” tentei argumentar dizendo que fazia parte das referências bíblicas que o diretor Paul Thomas Anderson inseria no magnólia, mas não lembrei na hora de quais eram estas referências, e ele me cutucou…
“…então mac, diz aí, quais as referencias bíblicas do filme magnólia ? “fiz algumas buscas pela web, e refresquei a memória sobre o filme. Este texto aqui, por exemplo, comenta as várias inserções dos números 8 e 2 e que em um momento aparecem em um cartaz que alguém da platéia do programa de auditório de Jimmy Gator carrega; no cartaz a inscrição: Êxodo 8:2
outra coisa interessante que achei foi uma análise semiótica e leitura dos símbolos do cartaz de magnólia feito por Márcia Okida pelo site designgráfico.
Acredite, magnólia é uma filme sobre esperança.
Olha, até acredito que pode ser um filme sobre esperança, não é esse o caso… O problema todo de Magnólia é ele obrigar o espectador a conhecer a fundo a Bíblia. Ou alguém acha que alguém vai lembrar do versículo bíblico no meio de um filme? Por mais que Êxodo 8:2 (“Se recusares deixá-lo ir, eis que castigarei com rãs todos os teus territórios.”) esteja inserido na história, o filme falhou ao não deixar clara essa referência. Que botasse um maluquinho em cima de um caixote em uma praça pública ou um sermão de um pastor pentecostal numa rede de TV recitando ele en passant, enfim, que citassem o versículo durante o filme, e não que obrigassem o espectador a ficar prestando atenção numa referência escrita em um cartaz segurada por um cara perdido no meio duma galera. Para mim o filme falhou nas referências, falhou em deixar elas claras, e justamente por conta dessas falhas aquela chuva de sapos acaba se tornando um dos maiores Deus ex machina dos últimos tempos. Ou isso ou Magnólia é um filme para ser olhado não numa sala de cinema, mas sim em casa, num DVD, usando e abusando do botão de pause para ficar catando detalhes.
E, como se sabe, assim não dá, Bionicão!