Via maquiavélica

BlueBus: Falta de convite para invasão da Aracruz deixou RBS aborrecida

A invasão de uma unidade industrial da Aracruz no RS, assunto nos jornais, acabou provocando 1 reação aborrecida na RBS TV. Band, Record e SBT, avisados com antecedência pelo movimento Via Campesina sobre a manifestação que seria realizada, acompanharam o fato e registraram com imagens em seus telejornais. A RBS TV ficou de fora e não gostou – conta 1 leitor que repassa a Blue Bus texto de comunicado interno da emissora gaucha. Sob o título ‘O orgulho de nao dar o furo’, o diretor de telejornalismo, Raul Costa Jr, diz aos colaboradores que “pela primeira vez” ficou feliz de “não dar antes uma notícia”. Para o diretor, o fato de a RBS não ter recebido nenhum comunicado prévio sobre a manifestaçao significa que “o movimento não reconhece a empresa para esse tipo de ação”. Alivia-se – “Ainda bem”. Comemora – “Nao somos confiáveis pra fazer propaganda de um crime”.

BlueBus: Falta de convite para invasão não aborreceu RBS, pelo contrário

Recebemos do diretor de jornalismo da RBS TV e TVCom a propósito de notícia que publicamos ontem aqui – “Li esta notícia no site e fiquei estarrecido. O texto contraria tudo o que escrevi para os funcionários da RBS TV e TVCom. Em momento algum fiquei aborrecido por não ter sido convidado a participar da invasão da Aracruz Celulose no RS. Pelo contrário. Tudo o que escrevi foi para ressaltar a importância de não participarmos deste tipo de evento e da nossa responsabilidade social como mídia em não darmos guarida a atos criminosos. Pelo que foi publicado pelo Blue Bus parece que gostaria de ter mandado equipe. O debate que estamos fazendo na RBS é exatamente o contrário. Como ter mecanismos internos que evitem sermos envolvidos em atos como este. O que fiquei estarrecido foi com a atitude de outros veículos que foram lá, não questionaram, fizeram matérias, não ouviram o outro lado e ainda venderam para o telespectador como material exclusivo e produto de investigaçao jornalística. Mas isto é outro debate que não cabe fazer neste momento”.

Bem, afinal a RBS foi convidada para assistir a manifestação que culminou na atitude criminosa de destruir o laboratório de pesquisa da Aracruz ou ela foi convidada e não foi porque sabia que haveria invasão? Ou a RBS acha que uma manifestação feita por Sem Terras é uma atitude criminosa? Confesso que me confundi nesse ponto aí…

Mas enfim, pegação no pé da RBS à parte, a pergunta que realmente deve ser feita é: será que a Aracruz teria sido invadida se não tivesse ninguém lá para registrar (e posteriomente divulgar) o fato? Se nenhuma empresa de jornalismo falasse sobre o assunto tal ação teria valido a pena para a Via Campesina? Vale chamar a atenção que o mais preocupa quem organiza esse tipo de ação é que as suas idéias sejam divulgadas. Com o vandalismo feito contra a Aracruz eles colocaram na roda expressões como “monocultura depredadora” e “biodiversidade”, num evento que é realmente um “marketing de guerrilha”, onde os fins (divulgar suas idéias) são mais importantes que o meio (destruir o trabalho de pesquisa que estava sendo feito, trabalho esse que podia muito bem ser como desenvolver uma monocultura que não prejudique o solo – afinal não é interesse de uma empresa agrícola que o solo definhe). Se não tivesse nenhum veículo de comunicação lá tudo não teria passado de um fato policial, pintado com cores dramáticas no site da CMI.


E que fique registrado que a mulher que melhor simbolizou o Dia Internacional da Mulher este ano foi a pesquisadora Isabel Gonçalves, que apareceu chorando no Jornal Nacional ao ver o resultado de 20 anos de trabalho destruído. Afinal o que dizer de ter que ouvir depois disso tudo um homem falando “Se essa pesquisadora fosse séria não tinha se vendido a uma multinacional que adota a monofloresta”? Isso para mim é tão machista quanto dizer “Ela foi estuprada porque estava provocando”. Nem ver o Stedile elogiando a mulherada que foi lá para servir de bucha de canhão supera a grosseria.

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