Raiva. Esse é o único sentimento que eu tenho nesse momento, depois de ficar tentando inutilmente configurar o modem DSLink 180U no Linux. Segui a receita que está no Guia do Hardware assim como o how-to do FlashTux e nada! Nada! Simplesmente nada da droga do modem funcionar! É de dar raiva, muita raiva. É de se ficar indignado com o fabricante do modem (que se recusa a fazer um driver para outros sistemas que não o Windows, num caso de extremo desprezo ao consumidor), é de se ficar indignado com o pessoal das distribuições Linux (no caso o pessoal que desenvolve o Kurumin, o Ubuntu, o Kalango e o Suse), já que nenhuma delas inventou uma maneira desse troço funcionar sem stress, e é de ficar com raiva da Embratel, que me disse que essa porcaria, vendida a um preço baixo de forma que uma galera – incluindo eu aí – comprou, era homologada por eles.
Sabe, quando falam em inclusão digital eu sempre penso em modens. Simplesmente os winmodens tornaram o acesso à rede algo muito barato. É de parar e lembrar a época que um US Robotics passava de 200 dólares. O quê? Os winmodens são uma porcariazinha, volta e meia desconectam, ocupam mais CPU? Sim, é verdade, mas o caso é que isso não interessa. O que interessa para o usuário é que ele quer entrar na rede e deu pra bola. Ele não quer saber se ele está com a Ferrari dos modens: para chegar num local um fusquinha já é o suficiente. E os winmodens são baratos, muito baratos. Não tem lógica ver gente desenvolvendo distribuições pro Linux, pregando a inclusão digital, sem parar para se preocupar com esse periférico. O que esse povo quer? Que um usuário gaste a mais na compra de equipamento?
“Ah, mas é um winmodem, óbvio que só vai funcionar no Windows!”, dirão alguns. Óbvio nada! Se fosse óbvio não tinha gente usando outros sistemas conseguindo utilizar, se conectando, fazendo uso do troço. Usando de uma forma capenga, mas usando. “Ah, mas você tem que se virar e configurar!”. Ok, então me passem o how-to de como fazer isso de forma que funcione, pois já tentei trocentas distribuições e trocentas explicações. Tem gente que pergunta porque eu uso o Firefox no Windows e não no Linux, já que eu gosto tanto assim de software livre, e eu tenho que responder “É que eu não tenho grana para fazer esse sistema se conectar na Internet e não sou inteligente a ponto de saber o que estou fazendo de errado já que não consigo me conectar com um dos modens mais populares que tem”. E dê-lhe se conectar usando o Windows.
Qual é a solução então? No meu caso, já que não estou com grana para comprar um modem mais caro, continuar usando Windows. Não tem lógica para mim usar um sistema operacional, por mais que eu goste dele, sem estar conectado. Eu não vou apenas abrir o OpenOffice e usar só ele: vou acessar a rede para pesquisar, para arranjar dados para o meu texto. Não vou simplesmente abrir o Gimp para ficar desenhando: vou ver cliparts que estão disponíveis na rede e usar eles. E por aí vai… O caso é que hoje em dia não tem sentido trabalhar num computador que não está ligado a uma rede, que não permite que você dê um oi para um conhecido num MSN da vida (seja usando o MSN, seja usando o Gaim) e mate uma dúvida ali, na hora, para continuar daí trabalhando. O computador está na rede, os softwares livres que eu uso no meu dia a dia estão disponíveis também para Windows (uma das vantagens do software aberto, visto que sempre tem um maluco que porta para Win32), e só a droga do Linux, por causa da falta de preocupação dos criadores de distribuições com um modelo extremamente popular de modem, não se conecta.
Sim, é de dar muita raiva.
Update: ah, sim, claro, antes que um engraçadinho venha aqui e diga “Mas Charles, o Linux não é código livre? Então por que você não vai lá e implementa isso?” eu já respondo: eu não tenho a capacidade técnica de fazer isso. Certo? É por causa da minha (in)capacidade técnica que sempre dou um jeito de ajudar as pessoas que desenvolvem o Linux, seja comprando CDs quentes de distribuições (não só baixando o ISO da Internet, mas sim comprando Cds de forma que o fabricante da distribuição ganha uma grana), seja comprando o livro do Morimoto, seja doando uma graninha para um que outro projeto. Ah sim, eu podia usar esse dinheiro para comprar um modem melhor, que funciona no sistema? Sim, é verdade, mas aí eu estaria ajudando apenas a mim, e não à comunidade como um todo, além do que o que já dei – confesso – não dá o valor de um modem decente.