Pois bem, eis que a Azaléia fechou a fábrica de São Sebastião do Caí. Com isso 800 pessoas foram demitidas, e a cidade perdeu 30% do seu ICMS. Ao mesmo tempo foram inauguradas duas novas fábricas no Nordeste… A justificativa? Custos:
Hoje, a Azaléia mantém apenas cinco plantas no Estado de origem. As outras 23 fábricas estão no Nordeste: cinco em Sergipe e 18 na Bahia. Embora Britto não admita, os incentivos fiscais e a infra-estrutura oferecida pelos Estados são irresistíveis para as empresas.
– Comparando o conjunto de impostos e salários, o custo de produção no Nordeste é de 30% a 40% menor do que no Sul. O Projeto Sergipe surgiu há mais ou menos sete anos, e estamos entregando um investimento já feito. Se fôssemos escolher agora onde abrir uma fábrica, a resposta seria em nenhum lugar. O momento não é propício – disse.
Pois é, como se pode ver o Britto está sendo bem político, visto que a resposta é óbvia: se ele fosse escolher onde abrir uma fábrica é claro que seria no Nordeste. Podem chorar as famílias que perderam empregos, podem chorar os prefeitos e governador que perderam em arrecadação, podem chorar comerciantes que vêem o comércio estagnar, pode chorar o sindicato. Podem chorar à vontade, mas enquanto o estado não oferecer incentivos fiscais o que vai se ver é empresas daqui indo para lugares onde a tributação é menor. E tem que se levar em conta que os incentivos fiscais aqui tem que ser maiores que os de lá, para compensar o fator salário. Sim, já vivemos por aqui com um salário que não é o bicho e ainda tem gente que recebe menos que a gente. Guerra fiscal é uma coisa suja, mas se serve de consolo imagine um monte de nordestino empregado.
Assim sendo, e eu meio que me odeio por isso, infelizmente tenho que concordar com a medida do Britto de fechar a fábrica. Se não há lucro, se há dívidas, tem mais que fechar mesmo, e fechar enquanto ainda se tem condições de pagar direitos trabalhistas, afinal demitir um empregado não é nada barato. É tudo uma questão de que dinheiro não tem raízes e, mais cedo ou mais tarde, a fábrica de Parobé pode ir pro buraco também. Ou você acha que se os lucros diminuirem a diretoria da Azaléia vai manter a empresa aqui por questões sentimentais?
Da minha parte só espero que meus pais acordem antes que seja tarde (assim como a minha irmã e cunhado) e se mandem de Taquara. Se a cidade já está uma droga hoje (inclusive está uma droga desde que o prefeito Tito Lívio Jaeger conseguiu a proeza de perder o bairro industrial, que se emancipou se transformando em Parobé) imagine com a fábrica que movimenta economicamente toda o Vale do Paranhana indo embora… A cidade já está ficando violenta e se isso acontecer daí sim que a bomba explode de vez.