Zero Hora: Movimento gay racha na Capital
Parada Livre deverá ser realizada em duas datas este ano
Pela primeira vez, a Capital deverá ter este ano duas paradas gays em vez de uma. O motivo é a divisão do movimento homossexual porto-alegrense em duas facções que disputam a organização do evento. Como as duas alas se mostram irreconciliáveis, cada uma decidiu realizar o próprio desfile.
De um lado da queda-de-braço se encontram os grupos Nuances, pioneiro na defesa dos direitos dos homossexuais no Estado e tradicional organizador da parada, e Igualdade. Do outro, um conjunto de sete entidades reunidas no Fórum Municipal de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros.
A ruptura na militância gay da Capital começou a se intensificar em 2003, quando os integrantes do fórum passaram a cobrar maior participação na organização da chamada Parada Livre.
– Aceitamos prestar auxílio em 2003 mediante compromisso de participar da organização em 2004, mas o Nuances acabou rompendo o acordo. Não fizemos um evento paralelo para não dividir o movimento, mas agora não tem jeito. O dia do orgulho gay não pertence a um grupo – diz Gustavo Bernardes, advogado do grupo Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade.
Nos últimos dias, o conflito explodiu na forma de cartas abertas enviadas por e-mail e publicadas em sites. O Nuances sustenta que o grupo desafiante busca partidarizar o movimento, tornando-o palanque.
– Nós os convidamos a participar, mas eles querem fazer uso político disso. Vários dos militantes são assessores de políticos e participam da passeata nos caminhões com seus candidatos – afirma o líder do Nuances, Célio Golin.
Em razão dessas acusações, o Somos promete entrar na Justiça nos próximos dias por injúria e difamação. No ano passado, as entidades do fórum já haviam recorrido ao Ministério Público Federal para tentar forçar caminho até a organização da parada, mas o processo acabou arquivado.
Sem acordo possível, serão realizadas duas caminhadas. No dia 5 de junho, deve ocorrer a passeata liderada por Nuances e Igualdade. Dia 19, duas semanas depois, o desfile dos dissidentes sob o nome de Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros).
Para isso, as duas correntes também travam uma disputa pelos recursos públicos que financiam este evento em várias cidades brasileiras. O valor do auxílio governamental, por meio dos ministérios da Cultura e da Saúde, deve ficar entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
As entidades ligadas ao fórum, que conseguiram apoio da Secretaria Estadual da Saúde – que costuma referendar os projetos apoiados pelo ministério -, estão mais próximas de obter a verba. A definição deve sair nos próximos dias, mas o Nuances garante a realização da nova
edição do evento mesmo sem os recursos federais.
É impressionante a quantidade de piadas e trocadilhos infames que passaram pela minha cabeça ao ler essa notícia. A primeira? Ora, que bem que podiam fazer uma Parada Livre dos ativos e outra dos passivos. Ok, eu sei que não tem tanta graça assim, mas que a notícia é bizarra é!
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