Pois é, estava agora dando uma olhada no jornal O Globo uma notícia dizendo de que os Estados Unidos mandaram por engano um vírus letal para laboratórios em 18 países, inclusive aí o Brasil. Além do absurdo da situação, que mostra que nossos caros brothers do norte não são esse exemplo de competência que muita gente acredita (como diabos alguém envia um vírus letal pra tudo que é canto do mundo por engano???), teve outra coisa, felizmente bem menos grave porém mais divertida, que me chamou a atenção:
Sim, essa era a caixa de “Links patrocinados” da notícia, com dois links para sites que vendem trabalhos de conclusão, monografias, essas coisas. Levando em conta que a compra de monografias é considerado plágio e plágio é crime previsto pelo Código Penal Brasileiro, pode-se dizer que o jornal O Globo estava fazendo uma propaganda de algo ilegal, certo? Mais ou menos como anunciar a venda de armas “no mais completo sigilo” numa notícia policial, não?
Beeeeeem, não é bem assim… Na real a Globo aí nesse caso não tem tanta culpa no cartório. Por quê? Porque os links patrocinados na verdade não são comprados pela Globo, mas sim por outra empresa, a TeRespondo, uma empresa que, podemos assim dizer, aluga um espaço no site do jornal O Globo, assim como o espeço de outros sites, e ali insere propaganda, utilizando algum mecanismo de relevância. Assim, se você está lendo um artigo sobre ciências é grande a chance de algum estudante de ensino superior estar lendo essa notícia, o que explica aqueles links ali. A questão toda é: qual é o critério adotado por uma empresa como a TeRespondo para selecionar o que deve ou não ser anunciado? Ora, qualquer pessoa que passou por uma universidade sabe que comprar um trabalho de conclusão é algo que se faz no sigilo justamente por ser ilegal, passível de penalidades, etc e tal. Assim, como é que uma empresa dessas aceita um cliente desses?
Já pensei em várias vezes se botar um quadro de anúncios do Google é algo que pode não dar problemas, já que estão inserindo propaganda que não passou pelo crivo do dono do site. Contudo o Google pelo menos coloca um aviso dizendo que o conteúdo do quadro é proveniente de outro local, assim como o Google tem políticas para a inserção de links (nesse caso aqui de venda de monografias creio que entramos no quesito de Fake Documents), de forma que eu, como webmaster, posso colocar um AdText sabendo que os links ali listados não passarão ao internauta a impressão de que fui eu que coloquei aqueles links ali, assim como posso ficar tranquilo de que não vai ter nos links nenhuma barbaridade (pelo menos espera-se).
Ok, mas isso é o Google AdSense. E a TeRespondo? Olha, procurei no site deles por políticas de publicação e nada. Como pode-se ver pelo quadro salvado aí em cima não há nenhum indicador que tais links patrocinados são provenientes de um serviço terceirizado (o link “O que é?” é por demais discreto para indicar tal origem). ssim sendo qual é a impressão que se tem? Se tem a impressão de que o O Globo está incentivando um crime ao abrir espaço nos seus anúncios para tal prática. Ok, sim, sabemos que não é o caso, mas à primeira vista é essa a impressão que se tem.
Resumo da novela toda: se é para usar um serviço de links patrocinados, que se deixe bem claro que tais links são provenientes de um fornecedor externo, que o site em questão não tem responsabilidades sobre o que é ali mostrado, e que se verifique as políticas de inserção de links para não ter a imagem do seu site queimada por causa de alguma coisa desse tipo acontecendo. Um site grande como o do jornal O Globo não vai queimar seu filme tão facilmente, mas imagina o estrago que tal confusão pode fazer para um site pequeno de notícias que está tentando se firmar?