Pois é, eis que a Microsoft Brasil resolveu processar o Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), órgão subordinado à Casa Civil que tem a função de disseminar o software livre entre ministérios, empresas públicas e autarquias. Por quê? Porque ele comparou as práticas adotadas pela Microsoft às práticas utilizadas por traficantes, numa entrevista na revista Carta Capital. E que prática seria essa? É a prática de liberar cópias gratuítas para escolas públicas. Com isso forma-se uma massa de consumidores de produtos Microsoft, tal como se forma uma massa de consumidores de drogas quando eles recebem \”amostras\” gratuitas.
É pesada a comparação? Não, não é. Muito se fala que o Windows é mais fácil que o Linux, mas na verdade o que há é o seguinte: mais fácil é o primeiro sistema que uma pessoa utiliza. É ali que o seu modus operantis vai se definindo, de forma que há obstáculos a serem vencidos no próprio cérebro quando se muda de plataforma. É por conta disso que empresas procuram usar o máximo possível de tempo velhos sistemas, mesmo que eles não sejam o bicho: o esforço mental dispendido para adotar novas práticas é grande, e durante esse período inevitavelmente a produção dos usuários cai. Assim sendo, quando a Microsoft dá cópias gratuítas do seu sistema para escolas ela na verdade não está fazendo caridade, mas sim está criando toda uma base futura de usuários.
E o que eu acho disso tudo? Eu acho que o fato da Microsoft mover um processo contra o Amadeu é um grande tiro no pé. A notícia já está se espalhando, já foi criado um abaixo-assinado online contra a empresa, enfim, queimação total de filme. E sinceramente creio que se levado num tribunal tal queixa a Microsoft não ganha nada.
Bem, vamos ver como termina essa história 🙂 Vai ser bonito de acompanhar o fuzuê.