Agora me diz: como não se divertir fazendo parte de um zine como o Gordurama? Sente só esse artigo que o Maurício e o Vignoli fizeram sobre o Planeta Atlântida. Só a parte onde o Morris explica porque ele não vai falar sobre o show dos Racionais já é antológica:
Uma parte importante do que nós fomos fazer ali era ver o show dos Racionais MC\’s. Quando começou a circular a noticia de que eles viriam ao Planeta Atlântida, as reações pelos bares eram de incredulidade. Se falava na possibilidade do caos: algo que sempre vale a pena presenciar. Bom, eu não vi o show. Patético, sei. Me perdi na jogada.
Depois, pensando, vi que foi melhor assim. Eu ia falar mal, claro. E esse é o problema. Independente dos argumentos que eu pudesse levantar: sou um branco pequeno-burguês; que usa uns óculos que custam o que uma família pobre ás vezes tem para gastar em um mês, que nunca trabalhou duro, que sempre teve tudo de mão beijada, que \”nunca levou joelhaço da polícia\”, e um etc que poderia ser prolongar ao infinito. Enfim, um ser desprezível desse jeito esculachando os Racionais é o óbvio ululante. Significaria que os caras estão fazendo bem o trabalho deles. Eu sou a vidraça, e eles deveriam ser a pedra. Frente à \”verdade das ruas\”, as críticas seriam só o recalque do branquelo. Esse tipo de lógica levou os Racionais até o ponto de premência que eles chegaram a ter nos \”meios intelectuais\”: para o universitário esquerdista médio, pega bem gostar dos caras. Mais: só é legítimo falar bem deles. Falar mal fica feio.
Perfeito!