De tanto ver o Douglas citar Rilke fui ler o Carta a um jovem poeta. Já parei no primeiro parágrafo, após ler isso:
Quero agradecer-lhe a grande e amável confiança. Pouco mais posso fazer. Não posso entrar em considerações acerca da feição de seus versos, pois sou alheio a toda e qualquer intenção crítica. Não há nada menos apropriado para tocar numa obra de arte do que palavras de crítica, que sempre resultam em mal entendidos mais ou menos felizes. As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou.
Coisa estranha: um poeta que confessadamente foge das palavras, que não procura expandir o seus significados e suas interpretações, no temor de ser mal compreendido…Ora, a linguagem nunca foi capaz de expressar tudo, mas é isso que a torna mais interessante. Se tudo fosse claramente passivel de exposição que graça teria o mundo? Talvez outro dia eu volte a ler Rilke, mas por hora deixo ele de lado. Me soou covarde.