Sim, eu me importo com que as pessoas acham a meu respeito. Assim sendo, claro que não gostei muito da sensação da garota nerd e a sua amiga me acharem um chato. Pelo menos eu acho que elas acharam… Bem, de qualquer maneira fui ontem no mesmo bar, onde continuei lendo o livro (que se continuar bom do jeito que está com certeza vai ter uma resenha no Gordurama) quando elas passam por mim. Na verdade não vi uma delas entrar, mas a garota nerd me viu, deu oi três beijinhos e entrou. Fiquei ali fora, na minha, lendo e bebendo a minha cervejinha. Quando já estava cansado do bar, fui para dentro acertar a conta e aproveitei e sentei um pouco com elas. Os amigos que estavam juntos me olharam meio atravessados, mas azar deles. Ficamos eu e a nerd conversando um pouco mais e daí vi que o barato dela era mesmo ler. Sim, ela gosta de ler, e coisas boas. Ok, Paulo Coelho deu as caras, mas nem todo mundo é perfeito. Pelo menos ela não gosta de Sidney Sheldon… E dá-lhe citações, pedaços de poesias e uma certa paixão pelos olhos de ressaca da Capitu. Então teve uma hora que ela se levantou e foi falar com um amigo, e como a outra Flávia não estava prestando a atenção me levantei um instantinho da mesa, fui lá fora do bar, comprei o que queria e voltei. Foi no tempo exato para ela voltar para a mesa. No que ela sentou soltei:
– Você conhece e.e.cummings?
– Não… Quem é?
– É um poeta americano… Bem, enfim, na verdade é que eu me lembrei que uma vez ele escreveu um verso assim: \”seus olhos são mais profundos que uma rosa\”.
E nisso dei para cada uma das duas uma rosa, disse tchau e fui embora. Pela cara delas, em que elas sorriam de boca aberta, com os olhos mostrando surpresa, creio que consegui reverter o conceito que deixei ontem nelas. Antes maluco que chato 😉
Ah, claro: eu tinha acabado de ler esse verso no livro, e achei bom demais para não ser usado. E porque não fiquei? Porque eu fui embora? Oras, sem um pouco de teatro a vida não tem graça.