Há males que vem para o bem

O que falar do desastre com o ônibus espacial Columbia? Não sei… Eu vejo o que aconteceu e não consigo me emocionar. Vejo pessoas chocadas com o fato do foguete ter explodido, que pessoas morreram, etc, etc, mas isso não me toca. Insensibilidade minha? Pode ser, mas é que sempre que penso em um foguete me lembro do filme Os Eleitos, onde se definiu muito bem o que é esse artefato: um barril de pólvora. Esperar que um troço desses nunca exploda é acreditar que a lei de Murphy é apenas uma piada.

Além disso há outra coisa que mata o meu fascínio por foguetes: Arthur Clarke. Não, não, não estou querendo dizer que acho os livros dele ruim, que não me emocionei com a visão dele para corrida espacial, nada disso. É justamente o contrário: o Arthur Clarke me mostrou que o espaço é um lugar acessível para todos e que usar foguetes é uma tolice. Como? Bem, a resposta está no livro As fontes do paraíso, de 1979, onde é apresentado o conceito de elevador espacial. Como o próprio nome diz é um elevador, unindo um ponto na superfície terreste a uma base espacial geoestacionária. A idéia pode parecer loucura (aliás nem é idéia do próprio Clarke, e ele no prefácio admite que a primeira impressão que teve dela não foi das melhores), mas depois, ao se analisar os argumentos dados no livro, se vê que a coisa não é tão absurda assim. Na verdade coisa absurda mesmo é ver a situação atual, onde temos equipamentos que precisam de técnicos que sejam super-atletas para manipular eles e que correm sempre o risco de ir dessa prá melhor (que foi o que aconteceu).

E é justamente por conta de acidentes desse tipo que vejo na Wired que a idéia do elevador espacial ganhou novo fôlego. Afinal o maior empecilho para um projeto desses, até pouco tempo atrás, era que tipo de material seria capaz de agüentar a pequena \”tira\” de mais ou menos cem mil quilômetros que uniria as duas pontas. Hoje, teoricamente falando, tal material existe e atende pelo nome de nanotubos.

Assim sendo, se prosperar a idéia do elevador espacial (leiam o livro e se apaixonem pela idéia também) a perda de tais vidas (assim como a de todos os astronautas que ficaram pelo caminho em missões anteriores) terá servido para mostrar que utilizar foguetes não é o método mais adequado para se chegar ao espaço. Quebrado esse paradigma poderemos caminhar rumo a um método que realmente dê acesso ao espaço para a humanidade, coisa que a atual corrida espacial não está fazendo. Ou você tem a ilusão de poder ir para o espaço num foguete? Você se preparou para isso por acaso?

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