Dia 22 de abril de 1989. Um dia depois de fazer 18 anos fui lá na sede do PT de Taquara (na verdade na casa do professor João Weber) e me filei ao partido. Tinha na época a esperança de que o PT era a melhor opção para o país, que ele seria responsável por agitar a estrutura do estado brasileiro.
E esse ano, decepcionado com a coligação com o PL e mais uma série de erros do PT no governo do Rio Grande do Sul, saí do partido. Na verdade ainda não fui na justiça eleitoral efetivar o desligamento, mas não importa: estou fora. Não acredito que ficar fazendo ligação com a direita (PL) assim na maior será possível sem macular o mandato do cara, mas enfim… De qualquer maneira votei nele, tanto no primeiro como no segundo turno. Votei engasgado, pensando que o importante era tirar aquelas aproximadamente 45.000 pessoas ligadas ao PFL que estão ainda no governo FHC ocupando cargos, cargos esses que estão no poder do PFL quando ele ainda era parte do PDS, quando era da Arena… São cargos que nunca mudam, que se mantém sempre dentro da mesma esfera de poder. Votei no PT ainda por isso. Dei meu voto para o PT para reverter isso. Quero ver esse bando caindo fora do poder, sendo corrido de lá, mesmo que seja por apenas 4 anos.
E sim, tenho plena consciência que o PT não vai conseguir fazer 1/3 do que promoteu. Sempre tive consciência disso. Foi o que aconteceu aqui no Estado, só que o erro do Olívio foi não ter tornado transparentes as mudanças que foram feitas, parecendo que não foi feito nada. Agora mesmo, aqui do meu apartamento, ouço pessoas lá na rua discutindo. Uma com a bandeira do PT gritando \”O Brasil é nosso\”, e a outra, com a bandeira do Rigotto, respondendo: \”Se o governo do Olívio tivesse sido bom o Rio Grande também\”. Bem, se o Rigotto não fizer um bom governo ele vai assinar o atestado de incompetência, pois afinal pela primeira vez em 20 anos um governador vai passar o governo com as dívidas em dia. Se o Olívio teve a herança maldita do Britto, o Britto teve a herança maldita do Collares e por aí vai, isso não vai acontecer com o Rigotto. O Estado parou para pôr as contas em dias, e isso é uma coisa que deveria ter sido explicado às pessoas e não foi. Porquê? Boa pergunta, realmente gostaria de saber a resposta, já que não divulgar tal informação era um tiro contra o próprio pé e deu no que deu.
De qualquer maneira fiquei afastado nessa campanha, acompanhando de fora, chateado com os rumos que o PT pegou, mas não vendo outra alternativa. Confesso que pensei no Ciro, mas felizmente a máscara caiu rápido ao ele beijar a mão do ACM. Caramba! Como alguém pode falar em mudar o país e beijar a mão do ACM ao mesmo tempo? Contradição pura. Assim, lá foi o meu voto pro PT. E, hoje, ao chegar em São Leopoldo, vi o pessoal do PT comemorando, agitando bandeira, e me meti no meio do povo. E lá, ouvindo que não tinha mais volta, que já era fato de que o Lula era presidente, não aguentei e chorei. Chorei de alegria, por saber que haverá uma mudança na estrutura do Estado que não ocorre desde Juscelino Kubitschek. Chorei de alegria, por ver que certas coisas impossíveis são possíveis. Chorei de alegria por ver que se pode ainda ter esperanças de mudanças, por mínimas que sejam.
E agora é aguentar 4 anos da cobertura jornalistica mais pesada que um presidente já teve, com crítica e bordoada prá tudo que é lado. Sinceramente a coisa vai ser num nível tal que o que a RBS fez com o PT aqui no estado vai parecer coisa de amador.