Por vezes sim:
Pelo que eu entendi isso tudo foi a gravação de um comercial em que foram jogadas 100.000 bolinhas ladeira abaixo lá em San Francisco.
Por Deus, como eu gostaria de estar lá para ver isso!
Por vezes sim:
Por Deus, como eu gostaria de estar lá para ver isso!
Ouvi o novo disco dos Los Hermanos. E a sensação de decepção é a mesma que eu tive ao ouvir o novo do Pato Fu e do Vitor Ramil.
O que está havendo com os meus grupos favoritos para eles só fazerem discos criativamente fracos?
Ou sou eu que estou ficando exigente demais?
Pois é, hoje dei de cara com um dos podcasts mais legais que eu já vi, o PodOpera. É um podcast justamente sobre ópera, e apesar de não entender lhufas do que foi falado pela apresentadora Kirsty Young (mezzosoprano e diretora da Hatstand Opera) adorei ouvir o clima descontraído com que o assunto, geralmente sisudo, é tratado. Além disso a interpretação de Soave sia il vento, da ópera Cosi fan tutte de Mozart, é espetacularmente belo. Sim, eis aí um podcast que vou acompanhar com certeza.
Mas o caso é o seguinte… foi ouvir isso e me lembrar de uma das minha ária favoritas, Vesti La Giubba, da ópera I Pagliacci, de Leoncavallo:
Recitar! Mentre preso dal delirio
Interpretar! Enquanto preso ao delírio
Non so piu quel che dico e quel che faccio!
Não sei [mais] o que eu digo ou o que eu faço!
Eppur… è d’uopo… sforzati!
Apesar disso… é necessário… se esforce!
Bah, sei tu forse un uom!
Bah, pensei que você fosse um homem!
Tu se’ Pagliaccio!
Você é um Palhaço!Vesti la giubba e la faccia infarina.
Veste a jaqueta e enfarinhe a cara.
La gente paga e rider vuole qua.
As pessoas pagaram e vieram aqui para rir.
E se Arlecchin t’invola Colombina
E se o Arlequim roubou sua Colombina
Ridi, Pagliaccio, e ognum applaudira!
Ria, Palhaço, e todos aplaudirão!Tramuta in lazzi lo spasmo ed il pianto;
Transforma em piadas a angústia e as lágrimas;
In una smorfia il singhiozzo e’l dolor…
Em uma cara engraçada o soluço e a dor…
Ridi Pagliaccio, sul tuo amore infranto!
Ria Palhaço, sobre o seu amor estilhaçado!
Ridi del duol che t’avvelena il cor!
Ria sobre a dor que envenena seu coração!
Assim sendo, dei uma rápida busca na rede e eis que encontro esta versão gravada por Enrico Caruso em 1907 no Archive.org. É incrível a força dramática que ele botou sobre essa peça. Ele transpira desespero, auto-indulgência, deboche e dor. Foi chegar em casa e procurar por outras versões. Encontrei gravações feitas pelo Luciano Pavarotti, pelo Plácido Domingo e até do (argh) Michael Bolton, e nenhuma ganha do velho Caruso. Surpreendente, realmente surpreendente. E eu só espero que um dia as tecnologias de remasterização avancem ao ponto de retirar todos os ruídos dos velhos discos de 78 RPMs. É uma pena que a gente não possa desfrutar o trabalho de tal artistas sem ter que ficar agüentando os chiados.
Charles, por que você não tem um podcast?
Bem, espero ter respondido.
Update: a música de fundo chama-se The Host of Seraphim. É do álbum A passage in time, de 1991, do grupo Dead Can Dance.
Pois é, eis que nesse fim e semana vai rolar mais um FESTERIO GORDUROSO. Aproveitando o fato de ser feriado na segunda-feira, a festa será nesse domingo dia 24/7, às 21 horas. O local é o Casarão Rock Bar (Av. Independência 545, em São Leopoldo) e o som ficará a cargo das bandas Deus e o Diabo e Irmãos Rocha!, além da já
tradicional discotecagem do STAFF GORDUROSO. Além da boa música, ainda haverá exposição de trabalhos dos artistas Ricardo Ambus, Sérgio Rodrigues e Gabriel Renner.
E tudo isso por apenas, sim, apenas 7 reais!
Não dá para perder! Apareça e traga seus amigos. Vai ser divertido!
Marcela Cabral: não resta mais nada
São Leopoldo, dia dezenove de julho de dois mil e cinco. Quinze horas e trinta minutos.
O mundo acabou e quase ninguém viu.
Acordo de manhã pensando seriamente em voltar a dormir até às dez da noite, sorte minha ter feito ao contrário. Conecto para ler e-mails, scraps e afins. Vicente pergunta se irei ao show da Viana Moog de tarde. Não sei, respondo. Eu realmente não sabia se iria.
Meio dia tento ligar para a Ale, nenhum sucesso. Resolvo que a melhor saída era tomar um bom banho e dormir a tarde. Enrolo até às duas da tarde. Ale me liga perguntando que hora eu iria ao show e, por um impulso desconhecido respondo “Agora.â€
Encontro a Ale na frente no bar do Adair. “Vamos comprar vinhoâ€, ela diz. Eu respondo que sim. Meio litro. Tinto seco. “Vamos para o show antes que comece!â€. Fomos. Impossível beber o vinho, a vontade de vomitar era maior do que a vontade de beber. Ok, dois reais de entrada.
“Cara, Viana Moog na São Leopoldo Fest, que momento, hein?â€. Ale concordou comigo que algo estava errado ou que daria errado, só não respondeu. Chegando na frente do palco, encontramos alguns amigos e conhecidos. “Massa te encontrar aquiâ€. Foi quando o tempo estacionou para mim. Eu estava morrendo e ninguém percebia. Uma revolução mundial estava acontecendo e NINGUÉM ESTAVA ALI PARA VER. Aproximadamente trinta crianças e adultos da APAE alucinavam com a música. Muitas estavam embriagadas pelo som. Muitas sabiam que aquele era o dia e a hora de tudo mudar. Muitas estavam pulando sem saber que tudo estava parado ao redor. O mundo estava acabando e ninguém viu.
Minha primeira reação foi sentar e chorar. Eu SABIA que o fim dos tempos seria assim. Ou o começo de tudo. Só não sabia que eu poderia ver de perto. E EU VI. A segunda reação foi tentar localizar os meus amigos, eu precisava saber se aquilo era real. Se eu não tinha atravessado a rua e estava morta ou se aquilo era sonho e eu estava dormindo. Não, eles estavam lá, sorrindo e bebendo e não acreditando também.
Crianças e adultos pulavam e gritavam e dançavam e estavam jogados no chão e foi LINDO. Eles estavam muito felizes. E eu não acreditei que aquilo um dia poderia acontecer, Viana Moog tocando para a APAE na São Leopoldo Fest. A APAE inteira gritando “ATIRA EM MIM, ANTES QUE EU TE MATE†ou “EU ESTOU DENTRO DE DEUSâ€.
Já são vinte e duas horas e eu não me recuperei do choque, ainda. Nunca me recuperarei. São Leopoldo para mim não existe mais, um terremoto destruiu a cidade e o que restaram foram zumbis malditos e anjos sem cabeça.
Não filmaram, não tiraram fotos. Nenhum registro do momento que entrou para a história da cidade.
E tudo acabou com um “AEEE, mais uma banda capilé.†Ou nada disso aconteceu e foi apenas mais de um dos meus sonhos perfeitos.
A primeira imagem que me veio na cabeça foi uma versão acelerada do Svefngenglar, videoclipe belíssimo do Sigur Ros. Até que a Marcela me lembrou que certa vez Cramps tocou num manicômio.
Sim, aquilo lá deve ter sido lindo. E o que aconteceu hoje de tarde deve ter sido lindo. E eu perdi isso. Mas pelo menos fico feliz que meus amigos viram isso. Valeu prefeitura de São leopoldo por botar a Viana para tocar bem no meio da tarde, justo no meu horário de trabalho. Valeu.
Vi nas URLs Sinistras do Caparica uma coisinha muito interessante: um link para um descanço de tela que exibe RSS. Hmmmm… Alguém aí falou em PointCast? Pois é…
Para quem não sabe o PointCast foi uma das primeiras experiências de tecnologia push, isto é, o usuário não acessava o conteúdo, mas sim o conteúdo vinha até ele. E como era que vinha? Simples: quando você saia da frente da máquina o screensaver pegava as últimas notícias. Daí era só dar um olhada e acessar a fonte. E porque o troço não pegou? Bem, para começar era lento. Segunto: deixava seu computador lento. Terceiro: eram poucas as fontes de notícias. Enfim, era algo que era muito bom para a PointCast, não para o usuário.
Então é interessante ver esse visualizador de RSS aí. Vamos ver se dessa vez a tecnologia pega, se bem que eu acho que não vai: é que screensaver é para proteger a tela, não para ficar olhando notícias.
Aliás, falando em tela, vale lembrar: apesar da Microsoft quase não tocar no assunto até hoje o Active Desktop está disponível para os usuários Windows. Eis aí uma tecnologia que para ler RSS pode ser bem útil, é só criar um conversor RSS para CDF.
Esse post do FYI é tão bom que merece o copy&paste:
Outro dia, perdido no sono de uma classe um tanto repetitiva, comecei a contar a nacionalidade dos alunos. São 3 chineses, 3 do oriente médio, 1 maláisio, 1 russo (o falante da classe), 1 irlandês, 1 francesa, uma que eu não identifiquei mas parece ser latina, um brasileiro (eu), e 10 americanos.
Chegou uma hora em que o professor (indiano) perguntou exemplos de produtos marcantes de cada país, meio que procurando de uma maneira politicamente correta mostrar como cada um é especial de uma maneira diferente. Um falou sobre os vinhos franceses, outro sobre os relógios suíços, café colombiano, quando de repente o russo gritou “comunismo chinês”.
O professor, meio chocado, disse “Não, o comunismo chinês é uma circunstância política, não um produto”.
O russo, visivelmente irritado, retrucou “Eu discordo. Qualquer povo que aceita viver num regime ridículo como o comunismo o faz por opção. Eu digo isso porque eu sei como o meu povo fez essa mesma escolha, e sei que quando se cansaram, a coisa toda desmoronou. Os chineses continuam aceitando o produto vendido pelo governo, apesar desses recentes ‘upgrades’. Se isso não te diz algo sobre um povo, não sei o que dirá.”
Abaixei minha mão rapidinho. Depois dessa, Roberto Jefferson virou brincadeira de criança…
Bravo!