Então, com as empresas que estão participando do programa do programa “Computador Para Todos” pedindo o dual-boot é de se perguntar porque eles estão fazendo isso. Podemos dizer que a Microsoft está fazendo lobby para que seja instalado o Windows, de forma a manter sua posição dominante. Sim, podemos, contudo fico pensando na complexidade que é ficar procurando fabricantes, fazendo pressão, tudo de forma oculta, por debaixo dos panos, etc, etc. Creio que nesse caso o melhor mesmo é apelarmos para a navalha de Occam…
E qual seria o corte? Bem, eu acredito que tanto a Positivo (que foi a empresa que divulgou que das máquinas instaladas apenas 1/4 estão com o SO original) como as outras empresas que estão participando do programa são empresas com fins lucrativos que viram que boa parte dos usuários instalaram Windows e que estão tendo, por conta disso, problemas nos seus call-centers de suporte. Acredito que o que as empresas que estão participando do projeto estão querendo é se valer do Suporte Microsoft pros casos de pessoas que tiraram o Linux e preferiram usar o Windows, além do que eles sabem que se o computador vier com Windows instalado, que é o sistema operacional que o usuário
está acostumado a usar no trabalho ou na escola, a chance de venderam mais aumenta consideravelmente. Sim, só isso, não vejo nenhuma conspiração maléfica do Grande Demônio Monopolista do Império do Mal, nada disso. Sim, pode ser ingenuidade minha.
Ok, e se a pressão for as empresas chegarem e dizerem “Olha, se é assim, só Linux, para nós não vale a pena. Estamos com clientes insatisfeitos, a nossa marca está sendo queimada por causa disso, nosso suporte é sobrecarregado por conta de atendimentos que não podemos fazer. Assim sendo, não vale a pena continuarmos a vender computadores assim e estamos fora.”? Certo, vai ter gente dizendo “Que essas empresas se danem, melhor para as que estão seguindo à risca o que foi contratado!”, mas é de se pensar se radicalismos aí podem acabar não contribuindo para o programa virar história.
Pois é, fico então com uma pergunta no ar: caso a pressão seja muito grande para a implementação de dual-boot no programa Computador Para Todos será que não seria interessante o Governo Federal responder com algumas exigências? No caso:
- o Windows a ser instalado não pode ser restritivo, como é o caso do Windows XP Starter Edition, que permite apenas três programas por vez, tendo cada um direito a três janelas, ou seja, limite máximo de nove janelas em execução;
- devem estar disponíveis também na partição Windows todos os software que estão na partição Linux e que constam do ANEXO II À PORTARIA MCT No 624, DE 4 DE OUTUBRO DE 2005, item b.2 em diante;
- esses softwares devem ser preferenciais, de forma que quando o usuário
por exemplo, clicar sobre um .doc o editor que funciona em ambas as partições abra, de forma que o usuário pode usar tanto um SO como o outro sem problemas; e
- na hora de boot a partição Linux é a partição preferencial, de forma que o usuário entra na partição Windows após uma ação consciente dele.
E aí? Que venham as pedras…
Pronto, podem mandar as pedras.