E quem irá comer dessas larvas?

O vale do Rio dos Sinos está enfrentando uma praga, a praga do mosquito. Simplesmente as cidades estão tomadas pelos insetos, em quantidade tal que tem até criança de Novo Hamburgo sendo hospitalizada. E uma das explicações encontradas para a proliferação é o clima chuvoso. Olha, não duvido que seja decorrente da época de chuva, mas o fato de ter havido uma grande mortandade de peixes no Rio dos Sinos nesse verão não seria uma boa explicação? Afinal os peixes se alimentam das larvas dos mosquitos, e com a poluição matando os peixes, não estaria aí a explicação?

Bem, o caso é que o Rio dos Sinos pena. Já estão sendo adotadas algumas medidas, tais como o recolhimento do lixo que chega até São Leopoldo, ali debaixo do viaduto da BR. Em Taquara esses dias os prefeitos da região se reuniram justamente para tomar umas medidas, e espero que a marca do cafezinho consumido não seja Medida. Aliás será que existe alguma Cachaça Medida? Enfim, vamos ver se não se fica só nas boas intenções, vamos ver se vemos ações, seja no que diz respeito ao controle ambiental, seja no que diz respeito à conscientização.


Aliás, falando em conscientização, muito legal o projeto/exposição rio dos sinos fúnebres, conduzido pelo Sérgio Rodrigues, pelo Felipe “Meck” Oliveira e pelo Giovanni Paim. ali nos pilares de sustentação do Trensurb Estação São Leopoldo. Com a palavra o Meck:

A idéia da exposição é chamar a atenção e indagar as pessoas sobre o problema da poluição que as cidades do vale dos sinos estão enfrentando com o seu rio. Para isso estão sendo organizadas algumas ações na cidade de São Leopoldo. Uma exposição de arte que contará com a presença do amigo e artista plástico Sérgio Rodrigues e o amigo e fotógrafo Giovane Paim. A exposição/manifestação, se expande para as ruas da cidade mais violenta do Vale dos Sinos e chega aos pilares de sustentação do metrô, mas precisamente na estação São Leopoldo. E é aí que pretendo contribuir com a parada. Ainda estou em fase de criação mas a idéia é trabalhar com stencils e colagem de impressões gigantes.

Pois é, o Sérgio diz que arte não vai salvar ninguém. Mas será que não vai mesmo? Afinal arte é conscientização também.

Todo dia é dia

Há quem diga que o Dia Internacional da Mulher é uma fraude, uma brincadeira de mal gosto, como se alguém dizesse que, se o dia 18 de março é das mulheres, os outros dias do ano são dos homens. É uma teoria, como outras tantas teorias malucas, mas pensando nisso me perguntei: afinal, existe um Dia Internacional dos Homens? Bem, por definição existir tal data é bobagem, já que se há um Dia Internacional da Mulher é porque a gente constantemente se depara com situações onde mulheres sofrem abusos pelo simples fato de serem mulheres. Elas são relegadas à posições inferiores na sociedade, no trabalho, sofrem abuso sexual e por aí vai sem que os homens que sujeitam elas a tais abusos sejam punidos. Pior ainda: os homens são incentivados a agirem da forma que agem, de forma que realmente um Dia Internacional do Homem não passa de uma grande cretinice.

Mas, enfim, o caso é que existe o Dia Internacional do Homem sim. O caso é quando. Afinal, se a Wikipedia não achou que isso tal dia fosse uma data especial, o caso é que está lá no dia 3 de novembro que esse é o Dia Internacional do Homem, só que sem explicação nenhuma. Fui então procurar no Google e acabei dando de cara com uma coisa estranha.

Bem, é o seguinte: afinal qual é o dia dos homens? Já sabemos que a Wikipedia diz que é no dia 3 de novembro, mas há quem diga que é no dia 15 de julho, tal como a Rádio Câmara. E pesquisando na Wikipedia em inglês vemos que, dependendo da região do planeta, há um Dia Internacional do Homem diferente. Em Trinidad & Tobago é dia 19 de novembro. Em Malta, 7 de fevereiro. Na Ucrânia, 23 de fevereiro. Em uma região da Romênia (Oltenia) é no dia 9 de março (sim, amanhã). E tal data ainda é celebrada em dias diferentes no Canadá, na Noruega, na Rússia… E para completar a bagunça toda ainda há uma organização indiana defendendo que o dia 19 de novembro seja reconhecido pela ONU, já que nesse dia se celebra na Índia o Dia do Homem, sendo que nesse mesmo país se celebra o dia internacional no dia 29 de setembro.

Assim sendo, pode-se até dizer que aquela história de que todos os demais dias do ano são do homem não é tão paranóica assim. Se são 193 países reconhecidos pelas Nações Unidas e dentre esses países há aqueles que dão 2 dias para os homens, então não é de estranhar que, feita uma pesquisa, exista um país atribuindo a data comemorativa para cada dia do ano, de forma que realmente o dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher enquanto todos os outros dias são dias do homem. Sim, é para ser uma piada, mas é uma piada cruel essa.

Dogarai

Hoje eu vi uma jeito novo de escrever uma expressão velha, que é dogarai. Bem, e o que é? É o bom e velho “do …”, que não dá para ser falado em ambientes de fino trato. Mas por que fui ler essa expressão? É que na lista Uns Rock foi passado um link para a novela gráfica online Um outro pastoreio:

Baseado no texto de Simão Lopes Neto sobre o Negrinho do Pastoreio e com arte com fortes influências de Dave McKean (especialmente Asilo Arkham), a obra criada por Rodrigo dMart e Everson Nazari é de encher os olhos.

Simplesmente dogarai.

E agora é torcer para alguma editora ver esse trabalho e lançar como livro. Eu posso gostar da tela do computador, mas que esse trabalho merece uma impressão de qualidade merece.

Como dois mais dois é quatro

Vi no blog Freaknomics a seguinte pergunta: Por que os fãs americanos de esportes não são os mais violentos? Bem, eu confesso que de futebol eu entendo tanto quanto aramaico, mas enfim vou dar meu pitaco…

Eu acredito que não é tanto uma questão de nacionalidade, mas sim de esporte mesmo, no caso o futebol. O que temos no futebol? Um jogo que simplesmente dá nos nervos: são 90 minutos em que dois times ficam correndo para lá e para cá na esperança de fazer um, dois gols. E o que se vê no basquete, beisebol, volei e hockey? Pontuações o tempo todo, mudanças, uma hora o torcedor comemora, outra lamenta, mas o placar é dinâmico, corre, não fica parado. E vale lembrar que o futebol americano e o hockey são esportes extremamente violentos, que atraem pessoas violentas, e nem por isso se fica sabendo de fãs destes fazendo quebra-quebra como os protagonizados pelos torcedores do futebol.

Outra coisa que os outros esportes não tem mas que há no futebol é o conceito de “campeão moral”. Nos outros esportes o time que jogou melhor ganha, não tem essa de que o time teve a melhor marcação, o melhor ataque, fez tudo certo, mas por uma questão de azar levou o gol que definiu o resultado da partida. Isso é coisa só do futebol, e é em cima disso até que se cria a magia do futebol, a magia de que Davi derruba Golias mesmo sendo mais fraco. É esse tipo de coisa que abre inclusive espaço para as famosas discussões de segunda-feira, onde o que mais se ouve é “o teu time levou mas não merecia, o outro time era bem melhor”.

Pois é, futebol é tensão o tempo todo, nervosismo puro. Acaba que esse nervosismo tem que ser estravazado de alguma maneira, e essa maneira é a violência. Querem acabar com a violência no futebol? Ok, botem mais segurança nos estádios, condenem o torcedor violentos a comparecer a uma delegacia de polícia no dia e horário em que seu time for jogar, tudo isso, mas também mudem o futebol. Deixem o jogo mais dinâmico, mudem a regra do impedimento, retirem o goleiro, enfim, tornem o jogo algo menos tenso, que dê ao torcedor algo que sublime sua violência e que não deixe aquele gosto de “fui roubado”.