Nada como o tempo

Se tem uma música que pode entrar na minha lista de insuportáveis é Straight Up, sucesso de Paula Abdul de 1989 que tocava sem parar nas rádios. Era percorrer o dial e era quase certo ouvir “Straight up now tell me / Do you really want to love me forever oh oh oh”. Só a Ipanema FM escapava da praga, como era normal.

Bem, o tempo passa, o tempo voa, mas nem por isso passei a achar a música legal, pelo menos não com a Paula Abdul:


Pois é, o herói que conseguiu transformar essa música chata numa verdadeira pérola só com um violão e sua voz se chama Dave Werner, designer que mora em Nova Iorque. Fui achar ele na lista “Better than the Original” cover songs do site Torontoist, e tenho que concordar com o cara que escreveu a resenha: essa versão até nos leva a acreditar que Paula Abdul pode ser uma boa compositora (se bem que, na verdade, a música é de Elliott Wolff…).

Bem, enfim, enjoy!

Update: aliás, falando nessa lista aí, uma dica valiosa é a versão de Damien Rice para When Doves Cry, do Prince. Belíssima.

Boquinha

Caro cidadão, caso você seja brasileiro, tenha concluído o ensino médio, tenha mais de 18 anos, além de ter raciocínio rápido e lógico, domínio da fraseologia técnica, bom conhecimento da língua inglesa, das normas e das instruções que disciplinam a atividade de controle de tráfego aéreo emitidas pelo DECEA, equilíbrio emocional e visão espacial, não deixe de se inscrever para a excitante profissão de controlador de tráfego aéreo. São 64 vagas, com salário inicial de R$ 3.148,40.

Pois é, três mil reais para um emprego técnico. E depois esse povo aí reclama que o trabalho é estressante…

Embaçou na cachimbêra malaco

Folha Online: Orkut dá à PF “atalho” para barrar páginas

Em meio a ações do Ministério Público Federal, que o acusa de sonegar informações sobre criminosos da internet, o Google do Brasil criou uma ferramenta que permite à Polícia Federal vasculhar dados do Orkut e até retirar do ar páginas com “possíveis práticas de crimes” sem a necessidade de determinação judicial.

Segundo a PF e o Google, os policiais do setor de crimes cibernéticos podem navegar pelas comunidades virtuais como “usuários especiais” e ter acesso a dados dos internautas, como o IP (código que identifica o computador, o que pode levar ao responsável por um texto ou por comunidade suspeita).

Símbolo da PF

Ao detectar alguma comunidade suspeita de praticar crimes, como racismo ou pedofilia, os policiais emitem um alerta ao Google que “embandeira” a página: ela é retirada do ar e, em seu lugar, é colocado um aviso com o símbolo da PF.

Em seguida, segundo a Polícia Federal, o sigilo telemático do usuário é armazenado pela empresa até que a Justiça autorize o uso. A ferramenta foi disponibilizada há três semanas, mas vinha sendo mantida em sigilo. Nem a PF nem a empresa informaram quantas páginas foram “embandeiradas”.

Segundo a PF, a ferramenta também é “salutar” ao Google porque pode evitar eventuais problemas à empresa ao hospedar comunidades criminosas. O Google diz que divulgará oficialmente na próxima semana a ferramenta, que deve ser expandida mundialmente.

Justiça

Na semana passada, a empresa teve uma vitória parcial na Justiça ao conseguir suspender a aplicação de multas por descumprimento de decisões judiciais relativas ao fornecimento de dados de usuários.

O desembargador federal Fábio Prieto de Souza, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, suspendeu uma decisão que previa multa à empresa de R$ 50 mil por dia se ela não repassasse informações determinadas pela Justiça dentro do prazo de 15 dias. A multa, pedida pelo Ministério Público, havia sido definida pela 17ª Vara Cível.

“Não cabe à Justiça Cível estabelecer prazos para o cumprimento das ordens judiciais expedidas pela Justiça Criminal e, menos ainda, determinar se o cumprimento de tais ordens é ou não satisfatório”, afirmou o juiz em sua decisão.

O advogado Durval Noronha, procurador do Google Inc. no Brasil, disse que a decisão é importante porque mostra que a ação é improcedente, já que as 48 informações determinadas foram cumpridas, e direcionada ao Google do Brasil, que não detém as informações solicitadas -só a matriz nos EUA. “A ação disparatada desmoronou”, disse o advogado.

O procurador Sergio Gardenghi Suiama, responsável pela ação, disse, por meio de nota, que vai recorrer da decisão. “A questão central do caso é, antes de mais nada, fixar a responsabilidade civil e criminal da subsidiária brasileira de um grupo econômico transnacional, em relação a um serviço prestado no Brasil, para brasileiros.”

Ok, que o Orkut é uma casa de mãe joana tá todo mundo cansado de saber, mas a questão é: será que o pessoal da Polícia Federal vai ter discernimento para ver que uma comunidade é na verdade uma piada, uma brincadeira mesmo que de mal gosto, como a comunidade Crack? E mais importante ainda: até que ponto a Polícia Federal vai usar esse recurso para combater crimes, sem dar uma de Grande Irmão? Será que a liberdade de opinião vai ser respeitada?

Educação sexual

Se você é brasileiro e trabalha com a área de informática creio que você tem uma obrigação: baixar o emulador do OLPC e dar uma olhada nele. Porquê? Bem, para começar a interface é radicalmente diferente do que você conhece. Imagine que você está em casa, na buena, quando o teu sobrinho de 7 anos chega depois do primeiro dia de aula dele e diga: “Tiu, olha meu lapitópi! Me ajuda a mexê neli?”. Pois é, você já vai pronto querendo mostrar para ele um menu de opções e vê que se perde completamente… Acha que eu tô brincando? Pois é, olha só esse vídeo que eu pesquei lá do blog do Solon:


Viu? Bem diferente do que você esperava não? Agora imagina o mico que seria mostrar pro teu sobrinho que você tá boiando. E como você sabe que criança não perdoa…

Mas enfim, o caso é que não é só por isso, mas também para ver como são as funcionalidades que o laptop tem, o que dá para fazer com ele, o que não dá. Por exemplo, o Solon colocou “não entendo qual é a razão de o browser não ter uma barra de endereços”. Pois é, eu também não entendo muito. Creio que é para economizar espaço de tela, pois há como entrar com um endereço lá. Para isso é só ir no local onde está escrito o nome da página, clicar, manter o mouse parado e esperar um pouquinho para aparecer o link atual que você está. Então é só apagar o link, entrar com o link desejado, pressionar Enter e voilá! Eis a criança acessando o Playboy.com!

OLPC Playboy

Sim, como você pode ver não botaram nenhum Net Nanny no laptop… Eu francamente espero que os servidores tenham algum proxy controlando acesso a conteúdo adulto. De qualquer maneira, é bom ou ruim que a petizada tenha tanta liberdade assim para acessar a rede? Bem, não sei muito, mas acho que seria interessante que os educadores soubessem que é possível fazer coisas assim, até para controlar a criançada um pouco. E é nesse ponto que é bom o profissional de informática dar uma olhada no dispositivo, afinal quanto mais futricado, com mais e mais furos (se é que isso aí é um furo mesmo…) sendo encontrados, mais seguros vamos deixar esses aparelhos para as crianças usarem.

Além disso pode ainda acontecer de você ter um insight e inventar um programa legal para a gurizada, tão legal que até justifique pedir um OLPC para desenvolvimento gratuíto. Sim, estão distribuindo laptops para desenvolvedores.

Barulheira do cão

Pois é, fui sair da banda larga para voltar pro dial-up e sofrer. Não, não basta o fato de a conexão ser lenta, viver caindo, eu tenho ainda que enfrentar o problema do alto-falante do modem. Sim, eu queria saber quem foi o cretino que inventou de colocar um alto-falante ali. E para piorar, fui inventar de colocar discadores de acesso gratuito e um deles simnplesmente acabou com o controle que eu tinha sobre o volume dele. Não tem jeito de fazer conexão sem ficar ouvindo aquela chiadeira insuportável no máximo do volume. Assim sendo, lá estou eu, passado da meia-noite, sem poder acessar a internet em casa senão levo outra advertência por execco de barulho da mantenedora do condomínio.

Assim sendo, se alguém souber me dizer se eu posso para ARRANCAR um alto-falante de um US Robotics e ele continuar funcionando eu agradeceria.

Update: sabe aquela velha máxima de sair do Fusca e entrar de novo nele para ver se pega? Pois é, desinstalei o driver do modem, reinicializei a máquina e deixei o Plug&Play reconhecer o bichinho de novo. Pronto, consegui conectar sem fazer um barulhinho…

Dica do ano

Recebi do caro professor Meira essa dica valiosa:

ACABE COM A TECLA CAPS LOCK, PARA QUE VOCÊ NÃO ESCREVA SEM OLHAR UM PARÁGRAFO COMO ESTE E SEJA OBRIGADO A REESCREVER TUDO.

Coloque as linhas entre os “—Corte… —” num arquivo-texto com o nome de caps2shift.reg (o nome não é importante, só o .REG).

— Corte depois desta linha —————
Windows Registry Editor Version 5.00

[HKEY_LOCAL_MACHINE\SYSTEM\CurrentControlSet\Control\Keyboard Layout]
“Scancode Map”=hex:00,00,00,00,00,00,00,00,02,00,00,00,2a,00,3a,00,00,00,00,00
— Corte até antes desta linha ———————————–

Grave, dê dois clics no arquivo para incluir os comandos no registro do Windows (confirme que vai incluir no registro, quando o Windows perguntar). E pronto: a tecla CAPS LOCK foi transformada em SHIFT, a partir do próximo boot.

E pensar que eu tive que arrancar com uma chave de fenda uma tecla de capslock que tinha grudado na letra A. Era tentar digitar mais rápido e PIMBA! Lá vinha aquele catatau de letras em caixa alta. Pois é, tivesse eu essa dica na época e estaria com o meu teclado inteirinho inteirinho até hoje… 😀

Aliás, sabe porque letra maiúscula é chamada de caixa alta? Isso vem do tempo da tipografia, onde haviam duas caixas com os tipos. Na caixa de cima vinham as letras maiúsculas, e na de baixo as minúsculas. Interessante não?

Todo mundo estalando os dedos!

Nada mais apropriado que essa musiquinha aqui numa manhã de sexta-feira:

Don’t Worry, Be Happy
— Bobby McFerrin —

Here’s a little song I wrote
You might want to sing it note for note
Don’t worry, be happy.
In every life we have some trouble
But when you worry you make it double
Don’t worry, be happy.
Don’t worry, be happy now.

Don’t worry, be happy. (4x)

Ain’t got no place to lay your head
Somebody came and took your bed
Don’t worry, be happy.
The landlord say your rent is late
He may have to litigate
Don’t worry, be happy.

*(Look at me — I’m happy.
Don’t worry, be happy.
Here I give you my phone number.
When you worry, call me, I make you happy.
Don’t worry, be happy.)

Ain’t got no cash, ain’t got no style
Ain’t got no gal to make you smile
Don’t worry, be happy.
‘Cause when you worry your face will frown
And that will bring everybody down
Don’t worry, be happy.

*(Don’t worry, don’t worry, don’t do it. Be happy.
Put a smile on your face. Don’t bring everybody down.
Don’t worry. It will soon pass, whatever it is.
Don’t worry, be happy. I’m not worried, I’m happy… )


😀

Um pequeno detalhe…

Info Online: AMD anuncia fim do micro polular PIC

A AMD publicou, na divulgação de seus resultados trimestrais, que não planeja mais fabricar o Personal Internet Communicator (PIC), seu computador de baixo custo para a navegação na internet.

O PIC foi criado pela AMD e, inicialmente, era comercializado pela Telefônica. Com algumas limitações, o computador era voltado para o acesso à internet discada e usava um televisor como monitor. A conexão era feita por linha discada e usava preferencialmente a conexão da iTelefônica, o provedor gratuito da Telefônica.

Desde maio deste ano, a Telefônica deixou de ser responsável pelas vendas do PIC, que passou a ser comercializado por lojas eletrônicas. As dificuldades em tornar o produto lucrativo fizeram a AMD descontinuar o projeto. De acordo com a assessoria da empresa, a AMD divulgará um comunicado explicando os motivos da decisão.

Pois é, é triste ver que um belo projeto foi pras cucuias por causa de alguns detalhes… O PIC tinha um hardware que não era nenhuma maravilha, mas que podia ser bastante útil para pessoas sem muita grana. Veja bem: ele tinha um processador AMD Geode 500 MHz, 128 Mb de memória, um HD de 10Gb, um modem integrado 56K e 4 entradas USB. O quê? Com um hardware desses é impossível fazer qualquer coisa útil? Oras, o hardware ideal (segundo a Microsoft) para rodar o Windows XP é um PC com 300 MHz, 128 MB de RAM e 1.5 GB de espaço em disco, de forma que dizer que o equipamento não servia para nada era no mínimo má vontade. Além disso o projeto inicial permitia que ele utilizasse uma TV com monitor (logo o usuário poderia acessar a web ou editar textos usando uma resolução de 512×384), de forma que o usuário que não tivesse dinheiro para comprar um monitor num primeiro momento podia fazer uso da sua velha TV em casa, até comprar um monitor normal. Sim, nenhuma maravilha, porém imagina que você precisa de um computador para editar textos, rodar uma planilha eletrônica, fazer coisas básicas. Não, você não quer um computador que seja um console de videogame, mas sim algo que sirva para ser útil.

Pois é, o PIC prometia ser isso, se não fosse um detalhe: ele usava como sistema operacional o Windows CE. Não, nada contra o Windows CE: ele é uma versão do Windows que não tem metade dos problemas do Windows XP (no projeto do CE não foi preciso se preocupar com coisas como retrocompatibilidade), ele é rápido e seguro, só que tem poucos softwares. E para piorar a AMD veio com a idéia idiota de que a instalação de programas só podia ser feita por meio de downloads via provedor de acesso e até mesmo os drivers de dispositivos devem ser específicos para o PIC. Ou seja: nesse computador você usava um editor meia boca a la Microsoft Works, o IE, o Messenger e deu pra bola. Ok, tinha mais alguns utilitários, mas pô, você não tem nem um editor gráfico decente à tua disposição! E se quiser vai ter que baixar via modem de um site… Não não tinha como dar certo uma coisa dessas, mesmo com o baixo preço que ele tem (só 600 reais com monitor de 15 polegadas). E o pior é saber que esse computador aí roda o Ubuntu.

Bem, bye bye PIC. É triste ver que um hardware que podia ser útil para um monte de pessoas morreu por causa da febre “tem que rodar Windows” que impera no mundo da informática…

Update: acabo de ver que no Submarino vendem uma versão do PIC sem monitor por 300 reais. É de coçar os dedos ver um hardware desses por um preço tão baixo ali, pedindo para ser hackeado… Acho que vou ficar de olho para ver por quanto vai custar quando colocarem como “queima de estoque”. 😀

“Não vale a pena…”

Do livro Taxitramas – Diário de um taxista, copiado lá do blog do autor:

É um assalto?

Outro dia peguei um assaltante. Não era difícil notar que era um assaltante. Apesar de mal vestido, calçava um tênis de marca, tinha, no pulso, um relógio caríssimo e usava uns óculos HB (legítimo). Na cintura, sob a camisa, trazia uma pistola 765 automática.

Claro que não notei tudo isso quando ele me fez sinal, se tivesse notado não pararia. Na verdade, ele fez questão de me mostrar e descrever item por item. Depois, ofereceu-me o relógio, o tênis e os óculos por uma mixaria. Só não vendia o seu brinquedo de furar moletom, a sete-meia-cinco.
Não comprei nada, claro, mas recusei a oferta com cuidado para não melindrar meu passageiro. Falei que a grana estava curta, que havia trabalhado o dia todo e já me daria por contente se ele não me assaltasse. Patético, cheguei a perguntar se ele ia me assaltar (!).

Com a maior naturalidade do mundo, ele falou que eu não precisava me preocupar. Disse que não me assaltaria, por um motivo muito simples: ele não assaltava pobres!

Vejam só, um cidadão contraventor com princípios morais, eu pensei.

No entanto, longe de ser um Robin Wood moderno, a lógica do cara era outra. A razão de ele não assaltar pobres (incluindo nesta categoria, felizmente, os taxistas), era porque não éramos bons clientes. O cara era prático: se ele tinha que arriscar o seu regime semi-aberto à mão-armada, seria com alguém que tivesse algo a oferecer.

Cumprindo o seu discurso criminosamente correto, ele pagou a corrida e sumiu nas quebradas da Vila Maria da Conceição Degolada. No fundo, a impressão que ficou é que se tratava de uma fera bem alimentada que, naquele momento, não sentiu apetite pela féria minguada de um taxista. Menos mal.

Pois é, ainda não comprei o livro. Ainda. Mas com certeza vou comprar: as crônicas do cara são simplesmente muito boas!

(E maldito seja o blogger.com.br que não permite permalink pros posts… )