E os independentes, como ficam?

Questionamento para lá de importante retirado do blog da banda Deus e o Diabo (reproduzo aqui porque os links para posts do Blig são uma droga):

ATÉ QUE PONTO…

…todas estas leis de direitos autorais (no caso de músicas) está realmente ajudando os artistas? Já pararam para pensar em toda aquela defesa do Lobão sobre discos numerados e tudo o que veio depois, considerado como uma grande conquista pelo meio musical mais rebelde? Vcs sabem bem sobre as novas legislações?

Existem algumas particularidades bem interessantes que talvez ajudem ao MÉDIO artista, aquele que vende de 50 a 300 mil cópias, e que era ludibriado pela gravadora, que não lhe fornecia dados reais de suas vendas e que também não tinha quase controle da veiculação em mídia (rádio) de suas composições, deixando de receber por seus direitos autorais. Mas, e o independente?

Vc sabia que hoje, para prensar mesmo que uma pequena quantidade de cds de áudio (1000 é o mínimo que a Sonopress trabalha) você precisa, OBRIGATORIAMENTE, registrar um código chamado ISRC em cada uma das músicas? Isso não tem nada a ver com a numeração das mídias nem com código de barras e nem com registro autoral (aqueles feitos na Biblioteca Nacional). É um código que é inserido em cada música por meio de masterização. A Sonopress só irá prensar seu CD se todas as músicas tiverem este código inserido, isto é LEI. As rádios que são vinculadas ao ECAD, quando tocarem as músicas com ISRC, enviam automaticamente ao ECAD um aviso e a partir daí o ECAD poderá recolher os direitos para o artista.

Só que apenas produtores fonográficos podem fazer este serviço, que necessita de um programa para realizar o mesmo. Agora, preste atenção: Se vc for mandar prensar o cd com estas empresas que realizam o serviço ou por meio de selo ou gravadora (a Sonopress é só a fábrica, e só atende seus representantes – não negocia com os autores), atente para os CONTRATOS. Como são produtores fonográficos, eles te ofereçem este serviço, te \”ajudando\” ou até cobrando por isto – \”nós inserimos o ISRC para VC!!\”. Porém este código será ETERNO e como produtores fonográficos, terão ETERNAMENTE direitos comerciais sobre suas composições. Procure saber se eles farão isso no seu nome (te cadastrando como produtor – e cobrando por ser uma espécie de \”despachante\”) ou se farão no nome deles (e aí ficam bem quietinhos e nem te cobram nada…). Isto mesmo. Se sua música \”estourar\”, a cada vez que tocar na rádio o produtor que \”te ajudou\” e fez teus ISRCs vai levar 41% dos teus direitos comerciais, o ECAD mais um tanto e vc fica com o resto.

Pergunta: se já é difícil as rádios tocarem os músicos independentes, eles tocarão agora que os mesmos terão registros de ISRC e, consequentemente, terão que ser pagos?

Bem, a outra questão é a seguinte: vc até pode ser dono total de suas músicas, se vc se registrar como um produtor fonográfico. VC tem que se associar a uma destas associações (e pagar por isto, tipo um sindicato) e aí pode fazer o seus códigos. É o que provavelmente faremos. Sendo produtores podemos registrar ISRC para qualquer um, se continuarmos associados a um deste órgãos. Se vc depois não quiser mais pagar a associação, não perde o código, apenas não pode registrar outros.

Outra: se vc já prensou seus cds e agora quer prensar nova tiragem do mesmo, não vai conseguir sem inserir o maldito código.E aí, quem ganha com isto tudo? A maioria é as gravadoras e selos e empresas que estão registrando estas drogas, além do ECAD. O artista que toca horrores (sertanejos, pagodeiros) também, porque o código \”apita\” lá no ECAD quando o rádio toca.

Os artistas donos de seus próprios códigos e que tem $$ para auto-investir e consegue tocar bem em rádio talvez consiga levar alguma coisa…Mas os outros… Talvez ganhem uns R$ 0,20 por mês, quem sabe…

Agora a pergunta: como se monta uma produtora fonográfica independente, controlada pelos próprios músicos?

Pressione a tecla Shift para ser processado

Quem gosta de ler sobre mecanismos de proteção de CDs e coisas do gênero com certeza está sabendo que um estudante de informática descobriu como quebrar um esquema de proteção contra cópias simplesmente mantendo a tecla shift pressionada. Pois é, agora o cara que descobriu que o sistema de proteção é uma piada está sendo processado. Ah, a DMCA é realmente uma beleza, não?

Iô-iô

Aproveitei o fim de semana em Taquara para pegar uns discos velhos que eu deixei lá. Entre coisas bonitas de Tom, Vinícius, Baden Powell, etc eu trouxe algumas coisas que o meu pai comprava e que foram responsáveis pelo meu \”gosto eclético\”, que faz com que eu goste tanto de Joy Division como de Right Said Fred. Sim, eu sei que tenho alguma espécie de distúrbio musical, mas enfim…

O causo é que enquanto separava os discos conversei com o meu pai e finalmente fiquei sabendo o critério que ele tinha para comprar discos: ofertas do tipo \”4 discos pelo preço de 1\” que ele via nas lojas de disco do centro de Porto Alegre. Aí ele invariavelmente comprava um Frank Pourcel (não torça o nariz que Concorde tem os seus méritos, principalmente quando você coloca a decolagem do avião no último volume no aparelho de som) ou um Ray Conniff (uuurgh!) ou um Saudade Jovem e trazia 3 bombas maiores ainda junto. Foi assim que a gente fez uma coleção muito mas muito medonha, mas que para um garoto de 10 anos era extremamente divertido.

E uma dessas coisas divertidas é a música Prá cima, prá baixo, do disco Juventude em Embalo Vol. 6, de 1979. Consta na contra-capa que a música é uma versão feita pelo Rossini Pinto (o homem que fez a façanha de lançar o Odair José) da música En el hilo del yo-yo, de um tal de Francis Smith. Já procurei no Google, no AllMusic Guide, e necas de achar algo sobre a música. Só para sentir a pérola aí vai a letra (os trechos em azul é o back vocal):

Prá cima, prá baixo

Prá cima! Prá baixo! (2x)
Iô-iô iô-iô preso por um fio estou
Você pede eu obedeço você manda eu vou
Iô-iô prá cima! Iô-iô prá baixo!
Prá cima e prá baixo eu vou
Se não faço mais o que me pedes não faz mais amor
Você fez de mim um bobo já chega!
Quero enfim me libertar
Minha vida toda errada vou tentar mudar
Olha já estou cansado não insista!
Do seu modo de pensar
Esse tipo de amor não se usa mais!
Prá cima! Prá baixo! (4x)

Repete tudo mais uma vez

Melhor que essa só o clássico Se te pego com outro te mato, versão de Jean Pierre (?) para a música de Cacho Castaña (????) interpretada por Sidney Magal. Mais trash que isso tô prá achar 😀

Toma lá dá cá

Li essa no blog Contexto da Descoberta:

Na história, temos vários exemplos de poderes que tentam apagar, mudar, distorcer os fatos, editando fotografias, reescrevendo a história oficial etc. Somente os arquivos livres e públicos, e a garantia de acesso a eles, mais a ajuda da memória coletiva, podem resguardar um pouco a veracidade dos fatos. A Globo, por exemplo, conseguiu tirar da Biblioteca Nacional todo o acervo que lá existia do Jornal O Globo desde o início do século até hoje. Para consultar o jornal, só pagando por hora no arquivo da própria Globo. Boa maneira de dificultar o acesso de pesquisadores e historiadores, geralmente com poucas verbas para pesquisa. Boa forma de privatizar a memória. Isso deve ser proibido, mas ninguém fez nada a respeito. Curioso é que na mesma época a Fundação Roberto Marinho patrocinou a reforma do prédio da Biblioteca Nacional. Dizem as más linguas que foi um acordo entre as partes.

😯

Como assim \”conseguiu tirar da Biblioteca Nacional todo o acervo que lá existia do Jornal O Globo\”??? Que absurda essa história! Big Brother é pouco!

Update: o Marcelo Soares foi atrás dessa história e descobriu que o arquivo do jornal O Globo nunca saiu da BN e que houve uma decisão, por parte da Administração, em microfilmar todos os exemplares do jornal. Sendo assim, agora estão disponíveis apenas os exemplares já microfilmados. Exemplares indisponíveis dizem respeito ao período de 1932 a 1950, 1969 e 1980 a 1998. Não há uma previsão para o final das microfilmagens, sendo que elas vêm ocorrendo periodicamente. Valeu Marcelo!