Wired: A última flash mob de Manhattan
Na noite de quarta, os participantes da última mob novaiorquina se reuniram nos bares designados previamente, onde receberam tiras de papel com instruções para a Mob nº 8. O papel dizia: \”Às 19h41, uma apresentação irá começar na calçada. Seja um espectador entusiasmado. Se a apresentação for interrompida antes das 19h46, grite \’Mob\’ e siga o artista onde ele for\”.
Parecia um plano simples. E foi, pelo menos até um misterioso sujeito aparecer. Exatamente no horário, às 19h41, várias centenas de pessoas se dirigiram à esquina da Rua 42 e a 6ª Avenida. Um sistema de som começou a tocar música. Muitos pensaram que se tratava do \”artista\”, e começou a vibrar. \”E lá estava eu, dançando ao som da música, quando vi, pelo canto do olho, um sujeito tirar de dentro de sua maleta uma placa de neon\”, conta Matt Pirelli. \”Eu pensei: \’Caramba! Mesmo em Nova York, não é normal alguém carregar um luminoso na maleta\’. Ele deveria ser o tal artista\”.
O sujeito ergueu o luminoso, com os dizeres \”Café Thou Art\” (Café Tu És) com sua mão esquerda. Com a mão direita, ele fez o sinal da paz para a multidão. Alguns membros da \”platéia\”, levando a sério a instrução segundo a qual deveriam se comportar com entusiasmo, começaram a gritar \”Paz! Paz! Paz!\” Outros, supondo que aquela não era uma parte planejada da \”apresentação\”, consideraram-na interrompida e passaram a gritar \”Mob!\” a plenos pulmões.
\”Quando as pessoas começaram a gritar coisas diferentes, tive certeza de que o encontro era uma performance incrivelmente inteligente sobre pacifismo versus mentalidade de multidões\”, disse a participante Nancy Gomell. \”Mas depois descobri que aquilo era apenas uma ação aleatória e caótica, o que é perfeito, na minha opinião\”.
Mais tarde, na festa realizada para comemorar o final do projeto, soube-se que o \”artista\” de que falavam as instruções era, de fato, o sistema de som, e não o sujeito do luminoso. A \”interrupção\” sugerida nos papéis era uma mensagem gravada. Quando a música fosse interrompida pela mensagem, a multidão deveria seguir Bill até a festa. Em meio ao barulho, a mensagem não foi ouvida. Mas isto não foi visto como um problema pela maioria dos participantes. O grupo não sabe dizer o que significa a mensagem no luminoso.
\”De acordo com os convites distribuídos por Bill, as flash mobs sempre tiveram o objetivo de ser encontros inexplicáveis\”, disse o participante Marvin Shapiro. \”É legal que o final desse projeto tenha sido marcado por uma manifestação artística tão insólita\”.
Caramba, isso aí foi dadaísmo puro! Não poderia ter ocorrido de melhor forma o evento
E \”oficialmente\” acabaram os mobs em Manhattan: pode ser que ocorram outros, mas não promovidos pelo idealizador da coisa, um sujeito chamado Bill. Pelo menos não tão cedo… Sim, a \”moda\” já está passando, graças a Deus. Passado o hype os mobs se tornam mais livres.
E à velha pergunta Qual é o sentido disso tudo? a resposta é Sentido? Para que sentido? Ou então dê uma resposta metida a intelectual e diga: Ora! Para exercitar o lúdico!