Manhã educacional

A programação da manhã foi basicamente educacional: olhei como anda o projeto Rede Escolar Livre RS. O projeto tem por objetivo equipar 2200 escolas públicas estaduais e desenvolver software escolar. Atualmente há 1100 escolas equipadas, e o software utilizado é uma versão do Debian. Faz parte do projeto o Educação SEM Distância, que desenvolveu sistemas em PHP/MySQL e Zope, tais como o Construtor Livre (servidor de conteúdo) e o Site Fácil (onde a partir de uma série simples de formulários uma escola pode fazer o seu site). Além de disponibilizar recursos em termos de software e hardware (incluindo aí a estrutura de rede e a ligação com a Internet), o projeto cuida também do treinamento dos professores que usarão o sistema. Até agora 7000 professores receberam em informática educacional, aprendendo a usar os sistemas criados.

Dá para dizer que a palestra foi muito interessante. Há muito o que se fazer ainda? Sim, há, mas fica a mensagem da professora Léa Fagundes de que o software livre se encaixa perfeitamente com educação, pois forma cidadãos autônomos, com espírito crítico. Exemplo da aplicação dessa idéia é o fato de que em escolas técnicas o próprio pessoal instala os sistemas, de forma que esse processo faz parte do projeto pedqagógico da escola. Quer exemplo melhor que esse?

Almoço com Larry

Paguei mico prá Márcia… Estávamos no restaurante daqui do centro de eventos da Puc, indo sentar, quando olhamos pro lado e vemos um cidadão bigodudo olhando para os lugares vagos na nossa mesa. O detalhe que não estavam vagos, mas sim havia uns dois caras que iriam ocupá-los. Resultado: fiquei todo nervoso, sem saber direito o que fazer, olhando pros lados procurando um lugar, até que a Márcia me tirou do nervosismo, dizendo calmamente para pedir uma cadeira pro pessoal da mesa ao lado.

Bem, o que eu posso dizer é que apesar de não termos conversado muito, até porque o meu inglês é para lá de fraco, Larry Wall é um cara muito legal. Ainda bem que tava o Xiru, de Caxias do Sul, ali junto na mesa, e ele puxava mais assunto. Assim falamos sobre churrasco, guaraná e o fato de que japonês é muito, mas muito difícil 😉 Só num evento desses para acontecer uma coisa dessas…

Figurinhas

Jon \”Maddog\” Hal é uma figura, legítimo Unix Wizard naquele barbão dele. Já o Larry Wall parece ser um sujeito prá lá de apressado, sempre.

Coisa gozada ver \”grandes nomes\” do software livre zanzando prá cá e prá lá… Isso não aconteceu com o Richard Stallman na primeira edição do evento. Nesse ponto o fato do fórum ser na PUC ajudou, já que no salão de atos da UFRGS era cheio de túneis de acesso, de forma que os \”grandes\” passeavam longe dos olhos dos meros mortais.

Porto Livre

Esse foi o ano que mais encontrei colegas do Porto Livre no fórum. Conversa vai conversa vem chegamos à conclusão que somos uma ótima lista de discussão, contudo um péssimo grupo de usuários 😛 A idéia é colocar para a lista o que foi a não participação do grupo no fórum e questionar para onde afinal a gente quer ir…

FISL 2002 – Primeiro dia

Primeiro dia do Fórum Internacional de Software Livre 2002. Depois da abertura com as \”otoridades\”, onde não ouvi o caro governador Olívio Dutra chamando o código fonte de código força como ele fez em anos anteriores, fui ver a sessão livre UNIVATES: Uma fábrica universitária de Software Livre. Olha, é de ficar arrepiado vendo o que os caras lá estão fazendo… Simplesmente eles estão mostrando que equipes enxutas podem desenvolver software de qualidade dentro de um esquema colaborativo. E que produção: além do GNUteca e do Sagu, agora eles estão com o Miolo, o Agata Report e o Pila, isse sem falar do projeto Código Livre, que tem apoio da Free Software Foundation, um portal de projetos de software livre (já há 205 projetos registrados). A linguagem que a Univates está usando para desenvolvimento de seus projetos é o PHP (para projetos não web eles usam o PHP-GTK). Quando questionei do porque da adoção do PHP, e não do Java, o pessoal colocou que a maior vantagem de um em relação ao outro é que os desenvolvedores da universidade fazem parte da PHP.net, ou seja, não se fica na dependência da vontade de uma empresa no que diz respeito à ferramenta de desenvolvimento, podem interferir no desenvolvimento dela conforme for necessário. Achei isso uma boa idéia.

De tarde assisti à sessão livre E o FUST, vem ou não vem para as escolas?, onde foi colocado a quantas andas o projeto de universilização do acesso à Internet no Brasil. Foi a primeira palestra onde eu vi que o pessoal falando o nome Microsoft sem nenhum pudor, xingando até não poder mais o lobby que a empresa está fazendo junto ao MEC para que o PC Popular seja entregue às escolas sem dual-boot, isto é, apenas com Windows. Todos os palestrantes estavam indignados, e com razão, se levarmos em conta as histórias que eles contaram: desrespeito a leis já aprovadas, propaganda negativa junto aos diretores de escolas e professores no que diz respeito ao Linux, etc, etc, etc… Some a isso o apagão, a mudança de enfoque feito pelas empresas fabricantes de computador (\”popularizar\” o computador via isenção de impostos) e a falta de apoio político (software livre não é considerado estratégico, e o maior exemplo é o fato do IR poder ser declarado usando apenas Windows) e compreende-se porque o projeto não sai. Contudo o pessoal diz que há um lado bom nesse auê todo, que é a popularização do nome Linux.

De tarde ainda vi o workshop Desenvolvimento de uma intranet com software livre, onde o pessoal da UCPel desenvolveu a intranet deles em PHP. Status atual: inicial, apesar de já ter um monte de coisa pronto. E que o projeto em si vai passar por uma reestruturação, onde há a intenção de liberar um sistema para o público externo nos mesmo moldes que os projetos desenvolvidos pela Univates. Aliás, conversando pelos corredores, deu para perceber que a Univates está se tornando referência em termos de uso de software livre no meio acadêmico brasileiro…

Já de noite assisti ao tutorial Orientação a Objetos: dos conceitos básicos à análise, usando ferramentas livres, ministrada pelo Alessandro Binhara, da OpenSystem. Ok, tirando as três primeiras lâminas, onde o Binhara mostrou que não sabe o que é programação estruturada (pô Binhara, desde quando código estruturado tem goto? 😉 ), o tutorial foi muito bom. Sem dúvida foi a melhor explicação que eu já vi sobre o que é OO. Exemplos muito bem escolhidos, com uma abordagem que mostrava perfeitamente cada conceito, além de mostrar como desenvolver com ferramentas livres. Foi uma palestra que realmente valeu a pena, apesar de achar que programar usando vi é exagerar um pouco… 😉

E para encerrar o dia fui assistir ao Fernando Roxo, da Conectiva, falando sobre Software Livre: um novo modelo de negócios, onde pelas lâminas sobre TCO se percebe perfeitamente a forma que a Conectiva encontrou para se manter: suporte e treinamento. E pode-se dizer que eles cobram bem pelo treinamento… De qualquer maneira, para quem é empresário a palestra foi muito boa, desmistificando algumas coisas que falam por aí sobre o software livre. Um detalhe muito interessante que foi passado é que quase todos os bancos brasileiros hoje estão trabalhando com software livre. E como o próprio Roxo lembrou, quem gosta mais de ganhar e menos de perder dinheiro que banco? Assim sendo, se alguém tem dúvidas se SL é viável ou não é melhor parar para pensar…