Galera do mal

O que é o mal? Qual é a sua essência? Porque ele é tão fascinante, tão hipnotizante? Ontem a noite, eu e a minha namorada vimos um filme que trata sobre o assunto: O Aprendiz, de Bryan Singer, o mesmo diretor de X-Men. A história é sobre um garoto que descobre que um vizinho é um oficial nazista foragido e que obriga que ele conte histórias da 2ª Guerra, senão ele o entregará para a polícia. Essa história simples abre espaço para discussões muito mais complexas sobre o que é o mal, o que motiva uma pessoa a fazer o mal, a sensação de poder que o mal traz.

E talvez esteja aí na sensação de poder que a gente consiga entender uma pessoa como o Antônio Carlos Magalhães. Ok, não dá para comparar o ACM com um oficial nazista. Ou será que dá? Há diferença entre aquele que manipula, que trama, que articula a política de um país para satisfazer os seus caprichos e para destruir politicamente os seus desafetos e com o responsável direto pela morte de centena de pessoas? É realmente grande a diferença? Não é tudo o mal, puro e simples, só que se manifestando de outra forma? É gozado ver que uma das manifestações do mal é a soberba, e foi por ela que o ACM acabou se complicando. O que ele tinha que sair por aí dizendo quem votou o quê? Se ficasse calado provavemente não estaria na fria que está agora, e o Arruda (que se revelou um mentiroso dos mais incompetentes – me admira que tenha sobrevivido tanto tempo na política) poderia continuar passando uma imagem de bom e ético político…

E se alguém tem alguma dúvida do poder do baiano, é só olhar as manchetes que foram divulgadas nos principais jornais do país sexta-feira, um dia depois do depoimento do homem na comissão de ética do Senado, principalmente na Bahia:

Zero Hora
Senado mantêm ACM na mira da cassação

Folha de Londrina
ACM assume que mentiu e não consegue convencer

Folha de São Paulo
ACM reconhece omissão, nega ter pedido lista e não convence

O Estado de São Paulo
Depoimento deixa ACM mais perto da cassação

O Globo
ACM alega que mentiu para manter cassação de Estevão

Jornal do Brasil
ACM invoca ética para ter mentido

A Tarde
ACM contra a parede

Estado de Minas
ACM não convence

Correio Brasiliense
Por um fio
Caderno especial com tudo que ACM disse no Conselho de Ética

Correio da Bahia
Manchas de betume aparecem nas praias de Stella Maris

Que conclusão dá para chegar? Ok, o Correio da Bahia pertence à família do ACM, mas o detalhe é que ele poderia a menos ter colocado uma matéria de capa dizendo algo como “ACM tem apoio no Senado”, o que não deixa de ser verdade. Mas não, mudou totalmente de assunto, fugiu da raia, assinou a confissão de culpa e reconheceu no cartório. E agora? Bem, assim como o destino dos nazistas é decidido em Israel (o que eu na verdade acho um abuso, já que como alemães os nazistas tinham que ser julgados na Alemanha), é o Senado que vai ter que assumir a bronca e levar em frente essa história e julgar o ACM culpado, senão a desmoralização será completa. E enquanto isso acontece o povo baiano, devidamente manipulado, vai continuar acreditando que o ACM é o paínho, que ele só fez coisas boas para a Bahia, que levou um monte de fábricas para lá (Que na verdade vão ter 15 anos de isenção de impostos e que são verdadeiras bombas-relógios sociais. Ou alguém acredita que acabado as isenções tais empresas vão continuar na Bahia? Se alguém acredita é porque não parou para olhar o que aconteceu em São Paulo.). ACM é o painho. ACM é um cara legal. ACM não é da galera do mal. É tão bonzinho que pode até renunciar que fará isso só para dar mais espaço pro filho dele o ACM Filho, que é o suplente dele. Que bom pai o ACM é…

Mas mudando de assunto, e para um bem mais leve, a vizinha de weblogs Anelise deixou recado simpático no guestbook 🙂 Valeu! Agora, Anelise, se você não sabe quem é a Angelina Jolie com certeza isso vai mudar quando estrear o filme do Tomb Raider 😉 Já a Bjork… viu a entrega do Oscar? Viu aquela cantora que se apresentou vestida de cisne? 😛 Sim, é aquela mesmo 😛 É duro ser fã.

Ando meio desligado…

O Douglas, da MusicZine já tinha me avisado mas só hoje fui conferir: no site do Pato Fu já estão disponíveis todas as músicas do trabalho novo, Ruído Rosa, disponíveis para audição. Qualidade de radinho AM, mas deve ser por causa do meu modem que tá a 33Kbps… Assim sendo, não dá para dizer direito o que eu achei das músicas. Dá para notar que tem um trabalho grande no que diz respeito a texturas, o que dá um novo sabor as versões de Eu, Tolices e Ando Meio Desligado (que ficou genial). Quanto às canções próprias, vou deixar para analisar melhor quando comprar o CD…

Mas falando em Tolices, me toquei como ela ficaria legal com o Toni Platão cantando-a, acompanhado de um contrabaixo e uma gaita ponto, num clima meio portenho… Espero que algum conhecido dele leia isso aqui um dia e dê a idéia pro cara. Iria realmente ficar interessante aquele vozeirão numa música melancólica dessas. E o clip poderia ser ele num dia chuvoso, sentado dentro de um café, só observando o movimento. Porque não?

E já que estamos falando de música, eis ele, o homem, a lenda, o mito: Rolando Boldrin. Ou se preferirem, o cara que apresentava o Som Brasil na Rede Globo, um dos melhores programas que já passou na TV brasileira (tão bom que até me tirar da cama no domingo de manhã o programa conseguia).

O poeta se revela na dor

Um ex-colega de trabalho que hoje trabalha na CRT Brasil Telecom mandou para mim uma poesia que ele fez em memória da Marina:

Menina Marina
Menina Marina.
Marina de guerra, aguerrida menina!
Mar... ar... vôo...
És pássaro que voa
No semblante azul do infinito.
Quer calar os ventos,
Rodopiar, brincar, sorrir... menina!
Menina Marina.
Vai... segue solta e livre.
Vai virar estrela, menina!
Estrela-guia.

E quanto ao dente? Bem, estou realmente surpreso: não estou sentindo nada de dor… Ontem não doeu nada, nem hoje. Incomoda um pouco é verdade, mas nada que seja a coisa terrível que tinham me propagandeado. Ok, tá certo: ontem eu estava com compressa de gelo na cara e tomei um Tylenol antes de dormir, mas mesmo assim esperava que o negócio fosse mais sério. Ou seja, hoje o dia foi mais ficar de repouso, descansando, como mandou o dentista. E nada de comida sólida. Só os iogurtes e o sorvete que minha namorada trouxe aqui em casa.

Dotô, cdê a minã aneshtegia?

Estou na casa dos meus pais, onde vou passar um ou dois dias, me recuperando da extração de um dente de ciso. Tô com umas pedras de gelo na cara, sentindo a anestesia indo aos poucos pro saco. A operação em si não doeu absolutamente nada, mas o dentista me disse que o pós-operatório iria “doer um pouquinho”. Quando médico fala assim é batata: choro e ranger de dentes garantidos madrugada adentro. Mas, por enquanto, tá tudo calmo… Vamos ver amanhã.

:.(…

É dificil dizer o que eu sinto… De todos os aniversários que já tive na minha vida, o de ontem foi o pior, com o pior presente que se poderia ganhar: o falecimento de uma amiga. O meu dia foi tranquilo, até que as 18h20 eu recebi uma chamada de um tal de Aldir, Adair, não consegui pegar o nome direito, dizendo que ele tinha pegado o número do meu celular no telefone de Marina Simon Becker e que ela tinha se acidentado em Sapiranga ao praticar pára-quedismo, e perguntando se eu podia entrar em contato com a família e dizer que eles precisavam ir com urgência no Plantão 24 Horas da Secretaria Municipal de Saúde de Sapiranga. Eu, a princípio, pensei que era uma piada de humor negro, uma pegadinha de aniversário muito das sacanas, mas mesmo assim tentei entrar em contato com a família. Na primeira tentativa não tive sucesso, já que o telefone tocava e ninguém atendia. Tentei novamente alguns minutos depois e aí então consegui entrar em contato com a família, dizendo para a Dona Magda que a filha dela tinha sido hospitalizada. Ela então contou que a Marina tinha saído como o carro da família e que não tinha como ir até Sapiranga antes do marido dela chegar. Assim sendo, como estávamos em Taquara, que fica a uns 15 minutos da cidade, fomos eu e a minha namorada até lá para ver no que poderíamos ajudar. Quando chegamos no hospital é que ficamos sabendo na verdade ela havia falecido. Ela estava descendo de pára-quedas quando ela caiu num fio de luz e foi eletrocutada.

Sabe, na hora veio o baque, a dor de saber que eu havia perdido uma amiga, uma grande amiga, com quem compartilhei muitas alegrias e com quem vivi momentos únicos. Contudo, éramos só eu e a minha namorada ali, sem que houvesse uma pessoa qualquer que pudesse nos dar maiores detalhes: não havia ninguém do Aeroclube, bem como os companheiros que estavam com ela. Assim, cabia a mim entrar em contato com a família e dar a notícia. Respirei fundo, joguei a minha tristeza para o lado e fui em frente. Dei a notícia do óbito para a Priscila, a prima da Marina, que por sua vez iria falar pra Dona Magda. Pouco depois, o pai da Marina (que estava em outro lugar, não na casa dele) me ligou para confirmar se era mesmo verdade o que havia acontecido. Sabe, essa é uma tarefa que eu não desejo nem para o meu maior inimigo: dizer para um pai “Sim, é verdade. Sua filha está morta.” Doeu, doeu muito falar aquilo. Doeu imaginar o rosto do seu Becker do outro lado da linha. Doeu ouvir a respiração dele parar um instante, antes dele dizer um “Obrigado” quase apagado e desligar o telefone.

Lá pelas 21h os pais da Marina finalmente conseguiram chegaram em Sapiranga. A essas alturas o pessoal do Aeroclube já havia aparecido (na verdade após levarem a Marina para o plantão eles tinham voltado pro campo de pouso para buscar o carro dela) e contado melhor o que havia acontecido, que tinha sido o primeiro salto dela, que nesse caso ou se pula com duas pessoas acompanhando ou se prende o pára-quedas no avião e este abre ao se pular (a opção que a Marina escolheu foi essa), que ela estava já a uns 10 metros do solo quando o vento levou ela para os fios, como ela foi resgatada (já que ela ficou pendurada nos fios fizeram uma pirâmide humana para tirá-la) e como os companheiros dela haviam simplesmente sumido (a última coisa que o cara do Aero-clube lembra era ter ouvido eles conversando “Temos que ligar! Temos que ligar!” e terem ido embora. No tempo todo que estivemos lá nenhum dos companheiros dela deu as caras para esperar a família. Revoltante, simplesmente revoltante). Foi nessa hora que fui ver o corpo, acompanhando a mãe da Marina. Na verdade eu não queria, já que sempre que posso procuro evitar no velório de ver a pessoa para me lembrar dela viva, mas a Dona Magda pediu para eu acompanhá-la e não podia me furtar dessa tarefa. Triste, realmente triste, e mais triste ainda saber que o filho da Marina ainda não sabia que a mãe estava não somente mal…

Bem, com a família por lá, não havia muito o que eu poderia fazer. Fui para a casa dos meus pais, onde eles estavam me esperando para me dar os parabéns pelos meus 30 anos, e me dar apoio pela perda da minha amiga… E dessa tragédia toda, não posso deixar de mencionar a mulher incrível que é a minha namorada , que ficou ali do meu lado o tempo todo, me dando forças e me ajudando, seja indo para Sapiranga ontem, seja indo comigo no velório da Marina hoje. Sem ela, acho que eu não teria conseguido segurar a barra e ter ajudado aos pais da minha amiga, que tantas e tantas vezes me receberam bem na casa deles. Muito obrigado. Muito obrigado mesmo. Não é a toa que eu te amo.

Ninho de Páscoa

É incrível. Eu moro num quitinete, de 30 m2, e a minha namorada conseguiu fazer com que eu levasse mais de meia-hora para achar o meu presente de Páscoa. Pior: eu já tinha colocado a minha cabeça sobre o presente e nem tinha me tocado. Ela tinha colocado o diabo da caixa de bomboms Kopenhagen debaixo do meu travesseiro. Eu simplesmente estraçalhei dois bomboms e nem me toquei. Pior é que eu amo essa mulher.

Avisar o consumidor? Prá quê?

Segue abaixo a cartinha reconhecidamente mal-educada que mandei para o pessoal da Revista Trip:


Subject: Sobre CD
To: trip@zip.net
Date sent: Wed, 18 Apr 2001 21:13:06 -0300

Olá

Só quero dizer que estou me sentindo enganado... Que história é essa de que a Trip tem exemplares que vem com CD e exemplares que não vem? Putz, comprei a última Trip e lá pelas tantas fala sobre o CD com música eletrônica? "CD? Peraí, que CD?" Fui na mesma hora botar a boca no cara da banca, dizendo que ele me vendeu uma revista incompleta. Olhamos os outros exemplares e nenhum tinha CD. Tive que esfregar na cara do homem a matéria falando sobre o CD, assim como a referência a ele no artigo da Ira Barbieri. O jornaleiro entrou em contato então com o distribuidor da Trip aqui no Rio Grande do Sul e daí ficamos sabendo que haviam exemplares que não vinham com o CD, mas que tinham um preço menor justamente por causa disso. Putz grila! Então isso quer dizer que vocês aí da Trip imprimem duas capas e não se dão ao trabalho de botar uma indicaçao dizendo que o exemplar em questão não vem com o CD???? Eu tô sinceramente puto da cara. Vejo alí que o CD vem com musicas do Asian Dub Foundation e vem a minha mente a dura realidade de que, se eu quiser ouvir alguma coisa, vou ter que procurar uma revista Trip com o CD a venda. Ridículo isso! Por que diabos vocês não botam, em letras garrafais, que o exemplar não tem CD? Eu adoro os CDs da Trip, tenho um monte, e de repente descubro que naqueles meses que não vinha CD eu posso ter me distraído e comprado o exemplar desfalcado! Senhores, vocês conseguiram, parabéns. Estou me sentindo o mais completo idiota e fico me perguntando se vou continuar ou não comprando a revista de vocês. Que merda!

Charles Pilger

30 graus de diferença

Nobuyuki Idei, principal executivo da Sony, comentando sobre o fim do PC, veio com uma explicação bem interessante sobre por que isto não ocorrerá:

Há alguns anos, meu amigo – e competidor – Bill Gates me disse que, no futuro, a TV seria integrada ao PC. Disse também que o PC comeria todos os games. Nada disso aconteceu. Estes bichos são diferentes e vão co-existir. E a explicação para isso está no ângulo de 30 graus. Quando você usa o computador, inclina-se 30 graus para frente, em posição de trabalho. Quando vê TV, inclina-se 30 graus para trás, em posição de relaxamento. É uma diferença grande de postura em relação aos dois aparelhos.

Será que isso explica porque eu, com aquela minha cadeira lá em casa, inclinada lááááá atrás, eu acabo usando o computador mais para bate-papo e download de música, em vez de usar para movimentar os neurônios?