Só para constar

Não quero dizer nada, mas a melhor música do século XX é 21st Century Schizoid Man, do King Crimson. Isso que tivemos Stravinsky, Miles, Tom Jobim, Coltrane, as duplas Lennon & McCartney e Reed & Cale, Frank Zappa, o albino Hermeto e mais um catatau de gente genial.

É 21st Century Schizoid Man, do King Crimson, a melhor música feita no século XX. Simples assim. Deu pra bola.

E não, não estou aberto a discussões.

Não esqueçam os protetores auriculares!


Pois é, a Blanched vai fazer nesse domingo dia 5 o provável último show da banda até 2006. É que é o seguinte: ano que vem o Leonardo e a Priscila vão estudar no exterior, e com isso a banda entra “de férias”. Eu espero que sejam realmente férias, e que a banda volte depois desse período… Assim sendo o negócio é não perder esse show. Quem viu viu quem não viu sabe-se lá se verá de novo.

Festerio Gordurama II, a avaliação

Deixe-me ver… Vou primeiro pelo staff gorduroso: o Morris estava alto demais na pipa para dizer qualquer coisa sobre os shows. Para começar ele chegou quando a Blanched já estava terminando e nem para falar no microfone após o show da Tom Bloch ele estava se coordenando. Faz juz ao cargo de editor do Gordurama, com certeza! O Bolota chegou na metade do show da Blanched e sobre a coisa toda disse o seguinte: Não foi um fracasso, tampouco um sucesso. Mas para um evento divulgado sob a alcunha de festerio, a bagaça esteve mais para fresquerio. Tom Bloch é ruim mesmo. Blanched me pareceu meio mansinha, diferente daquele tornado de guitarras que vi no BR-3 há um ano atrás. Aquilo sim. Já o Vignoli chegou na hora, direitinho, e soltou o seguinte: Ver show sentado não é show. É piquinique. O filho, o neto, quem se importa? Ele(s) parece(m) o Capital Inicial, versão “lemos Baudrillard”. Estou sentindo que vai vir uma resenha negativa para a Tom Bloch pelo jeito. Saco, eu realmente odeio quando isso acontece. Bem, enfim, se há algo massa no Gordurama é que ali cada um é livre para dizer o que realmente pensa. E o pessoal das bandas e seus fãs que nos encham de impropérios, nos levando mais a sério do que nós mesmos, como geralmente acontece.

Mas, ok, vamos então ver o que o público da festa achou. O Xablo, como eu já esperava, achou tudo uma chatiche. Coerente o garoto. A Nay dá provas de que me entende quando eu sento no chão durante os shows e disse que Definitivamente ontem foi O melhor show da Blanched, que eu já vi. As pessoas mais corretas eram aquelas sentadas próximo ao palco, Blanched tem que ser escutada assim, alto, forte, dentro. Sobre a Tom Bloch? No show da Tom Bloch já tinham bebido toda minha cerveja. O encarte deles é ridículo. Achei divertidíssimo. Não entendi se o show foi divertido ou o encarte, mas enfim… O Bruno Galera, lá no blog do Douglas, deixou um comentário bastante técnico: Gostei bastante. Pena que a segunda música nova (aquela em que tu, o leonardo e a pri cantam) ficou inaudível por cauxa do baixo, que tava muito alto naquela hora. Como te falei, admiro que esteja tirando o famigerado SOM DE LATA da guitarra. O delay foi ótima aquisição, e achei a penúltima música muito bela. E sobre a noite a Thiane disse que Estivemos em SL, na festa do site Gordurama. Bom lugar, bom som, reencontros. Estava melhor que Orkut. Teve o show de lançamento do CD da Blanched, mas também músicas novas. Começar com aquele acordeão (gaita) foi muito bonito, já deu a linha do que iria seguir. Um show feito de música. E não é o que importa? Não assistimos a Tom Bloch, só o início, me parece extremamente pop. Acabamos indo embora, o Martinelli estava (e está) ainda adoentado, é necessário um resguardo providencial. De fato era triste ver a cara do Rafael lá, encostado na parede, olhando o show…

Mas, voltemos: a Carla achou que a noite Matou a pau, vi o Mike, (Michel, guitarrista da Tom Bloch) que fazia um tempão que eu não via, pelo menos desde meus tempos de Unisinos FM. O Charles me apresentou o Iuri, também da Tom Bloch, que é um amor de pessoa. Além disso também conheci o Marcos da Walverdes, outra gracinha. Mas voltando ao show da Tom Bloch, que estava divino, ainda mais quando eles tocaram “O Amor (zero sobrevivente)” foi de cortar ainda mais o meu coraçãozinho magoado. Mas tudo bem, me contive. E é impossível esquecer a cover de Bowie que eles fizeram, “Moonage Dream” pôs todo mundo pra cantar. Beautiful!. Nos comentários, a Débora ainda colocou que No início do “amor(zero sobrevivente)” os caras começaram tocando a “dear prudence”. belo show mesmo. E o Mike é bom na guitarra e na performance no palco. Além dela um monte de gente gostou do show da Tom Bloch. Bom, isso é bom. Aliás é bom receber um email onde o baixista da banda diz que aliás, tava muito divertido. gostamos bragarái. espero que o pessoal tenha gostado também. Isso me consola, levando em conta o pouco público. Pois é, tivesse enchido de gente e dado uma grana legal eu podia pelo menos dizer que as bandas encheram as burras de dinheiro, mas nem isso. Assim sendo, se os caras se divertiram, menos mal. Pior que isso já era algo anunciado: na noite anterior não tinha muita gente no show do Jupiter Apple, lá no 356, devido ao frio. Definitivamente não é todo mundo aqui no Rio Grande do Sul que se dispõe a sair de casa numa noite chuvosa de inverno. Mas, pombas, só 75 pagantes? Bem, enfim. O caso é que é gozado ver, entre as pessoas que foram, como teve gente que achou a noite chata e teve gente que achou a noite maravilhosa. Extremos.

Eu, sinceramente, não consegui prestar atenção direito em nenhum dos shows. Gosto das duas bandas (tanto que, se não gostasse, não chamava para tocar) e me emociono em saber que fui o responsável pelo show de lançamento do “Blanched toca Angelopoulos”, que é um ótimo trabalho. Além disso fiquei bastante feliz por ver a Tom Bloch finalmente tocando em São Leopoldo, algo que eu achava que já tinha que ter acontecido na época dO Apanhador. Mas ver os shows mesmo, direitinho, eu não consegui. Vi momentos, consegui acompanhar uma que outra música do começo até o fim, mas ir lá, prestar a atenção nas bandas, sentir a música, não. O pouco que eu ouvi eu gostei muito. Produzir uma festa tem dessas… Bem, de qualquer maneira eu espero que agora que o chute inicial foi dado a Blanched consiga fazer outros shows, além do que quero ver a Tom Bloch aqui em São Leopoldo mais vezes. E de mais a mais me diverti com coisas como a reação da tia do dono do bar, que estava fazendo a sua festa de aniversário lá (a coitada foi parar no teto quando entraram as guitarras na primeira música da Blanched e não gostou nem um pouco da reação do marido, que se dobrou de rir com o susto que ela levou), conversando com as pessoas legais que foram, vendo se estava tudo correndo legal e por aí vai. Mas, de qualquer forma, tenho que concordar com os meus colegas de zine: aquilo lá não foi um festerio gordurama não. A bagaça não rolou firmeza, tal como na festa anterior. E además sinto que faltou o espírito de confraternização que rola nas festas daqui da região. Aliás ultimamente tal espírito tá meio recolhido… Sei lá, vai ver que é tanto agito por aqui nos últimos tempos que está meio que na hora do povo dar uma parada para respirar antes que tudo imploda. Eu da minha parte vou esperar passar um bom tempo antes de produzir outro festerio, até porque na próxima quero trazer uma banda de outro estado, de modo que a logística toda por trás tem que ser melhor pensada, senão pode dar um prejuízo feio.

Mas, enfim, vamos finalizar esse post que ele já tá quase virando um artigo. Assim sendo, obrigado ao Daniel Matos pela foto massa que ilustra esse texto! Só para constar: enquanto o Bolota comandava o winamp o Morsa tentava enfaticamente me convencer a deixar ele fazer a discotecagem do próximo festerio gorduroso, só com músicas dos anos 50. Pois é… Levando em conta que eu acho que a maior parte do rock do período chato, pergunto: porque tu não organiza tua própria festa rapá? 😛

Hackearam meu ICQ

Pois é, quem entrar na página do UIN 636464 vai ver que tá lá a minha foto mas o texto é uma coisa maluca que só vendo. Pois bem, o que aconteceu foi o seguinte: sexta-feira de noite eu cheguei em casa, depois da festa de aniversário da Heidi, e me conectei na Internet. No que eu entrei o Bidão entra em contato comigo e diz que é para mim participar de um chat. Eu estranhei (“Chat no ICQ???”) mas o cara me disse que era para colocar o email tal no lugar tal (que eu não tenho acesso agora para ver qual é o nome, acho que é no Description) e eu resolvi conferir. Graaaaande erro. Esqueci que colocando ali o cara podia solicitar a senha do meu UIN e bingo, foi o que aconteceu. Sim, fui vítima de uma engenharia social das mais óbvias, não levando em conta que a conta do Bidão tinha sido hackeada. Fui na confiança e me ferrei, perdendo o UIN que eu usava desde 1998. Assim sendo crianças, aí­ vai a dica: se alguém vier com um papo de chat via ICQ manda o cara catar coquinho.

E agora o jeito é esperar o pessoal da AOL me devolver meu UIN. Pelo sim pelo não na dúvida a partir de hoje não fale mais comigo pelo ICQ (pelo menos até eu dizer aqui no blog que recuperei o número) que aquele cara lá não sou eu.

Masters of deception

Laerte, o meu desenhista favorito, na Caros Amigos: que entrevistinha P-A-L-H-A!!! Bah, bem que eu queria o meu dinheiro de volta 🙁 A sensação que dá é que os caras não sabiam o que perguntar para ele, e um monte de coisa interessante foi deixada de lado. Triste.

O que vale a pena MESMO é a história em quadrinhos onde o Laerte comenta a entrevista, no rodapé da mesma, conversando com um fantasma. Bem, vamos fazer o seguinte: eu coloco a conversa aqui e você economiza 7 reais, ok? Acho que os comunistas da Caros Amigos não vão se preocupar com a quebra de direitos autorais. Se se preocuparem podemos acusar eles de incoerentes:

Fantasma: Feliz, aposto.
Laerte: … por que não?
Laerte: Está uma boa entrevista.
Fantasma: Ahã.
Fantasma: Conseguiu sair bem na foto com todo mundo, não?
Laerte: Olha, na vida eu já falei muita merda, já deixei muita gente puta…
Fantasma: E sua grande resposta a isso é esse estilão vaselina.
Laerte: Um momento. Contei coisa paca aí.
Fantasma: Como: …”não sou completamente heterossexual.” Quanta entrega.
Laerte: Sexo é assunto meu, tá?
Fantasma: Sexo, drogas, música, política, religião…
Laerte: Não me sinto seguro dando nome aos bois…
Fantasma: Pelo menos o das gatas veio. Já é algo.
Laerte relê a entrevista
Laerte: Olha lá: eu falo do Matinas!
Fantasma: E logo em seguida diz que apoia.
Laerte faz cara de perplexo. Se vira e de costas levanta os braços perguntando:
Laerte: Para que cultivar rancores?
Fantasma: Ou amores.
Se vira.
Laerte: Amores?
Fantasma: Você não fala dos amores pra não alimentar ciúmes!
Fantasma: Não fala dos ódios para não comprar briga!
Fantasma: Seu sonho era pontificar erudição…
Fantasma: … mas não consegue porque não passa de um leitor de orelha!
Laerte: Você está me provocando…
Fantasma: MANDA BALA! DIZ O QUE TEM PRA DIZER!!
Laerte: JÁ FUMEI, JÁ CHEREI, SOU BI, ESTOU NAMORANDO A TUCA, E O HOMEM-CATRACA VEIO DE UM CARTUM DO PAULO CARUSO!!
Laerte está suado, com ar esgotado. Ele olha o seu fantasma e se senta…
Fantasma: Tá. Agora…
Laerte: Fala.
Fantasma: Acha que alguém tá preocupado com isso?

Sinceramente? O cara devia estar com tudo isso preso na garganta há muito tempo… A HQ deu de 10 a zero na entrevista, realmente salvou ela.

Pequena história real de uma neurose musical

Falando em King Crimson lembrei de um artigo que enviei para o finado Cardosonline e que saiu no número 179 (de 10/07/2000) do mesmo. Acho que até vale a pena dar uma lidinha, apesar da redação tosca que eu tinha ne época (confesso que não melhorei muito):

Pequena história real de uma neurose musical

Você às vezes tem uma música que fica presa na sua cabeça, que não sai de lá de jeito nenhum? Pois é, eu não sei como é com as outras pessoas, mas quem tem que me agüentar no dia a dia logo vê que eu tenho esse pequeno problema. Na maior parte das pessoas isso não chega a ser algo sério, mas para mim é algo perturbador, que fica martelando a minha cabeça e que às vezes me enlouquece. Músicas como Ana Júlia e Chibombom para mim são um verdadeiro tormento, para mim e para as pessoas que estão à minha volta, já que eu fico cantarolando elas. Geralmente tal música fica pouco tempo na minha cabeça e depois some. Mas também pode acontecer dessa música ficar dias, até semanas. A questão de 6 meses atrás, eu não parava de ficar cantarolando “Ô Ana Júliaaaa…” Tinha gente na minha volta que queria me enforcar. Para a música sair da cabeça, só ouvindo a música umas 10, 15 vezes seguidas que isso passa. Me curei do Ana Júlia quando comprei uma revista ShowBizz que tinha um Cd onde estava a desgraçada da música. Já o Chibombom, para a minha sorte, passou por conta própria, já que seria insuportável ouvir aquela coisa mais de duas vezes seguidas. Mas isso diz respeito àquelas músicas que são verdadeiros vírus músicais, que se instalam na sua cabeça e não te dão prazer algum, mas sim que só ficam atormentando.

Bom é quando uma música boa se prende na cabeça e ali fica, germinando, crescendo, ocupando espaços e mostrando todos os seus detalhes. É aí que eu posso ficar horas e horas ouvindo a música, pegando todos os detalhes dela, todas as nuances, me deleitando. Até hoje, a música que eu mais gostei de destrinchar filigrama por filigrama foi “Mother”, do Sugarcubes, que durante dias fiquei com o CD-Player programado em auto-repeat, com só aquela música no playlist. Se alguém colocar a música sou capaz de apontar o momento exato em que a voz da Bjork se adianta ao wallsound perfeito criado por Bragi, Einar, Siggi e Thor. O caso aqui é que eu tinha o CD para ficar horas e horas ouvindo. Assim como eu tinha o CD para ficar horas e horas ouvindo “The Rapture”, faixa titulo do ótimo CD da Siouxsie & The Bashees, produzido pelo John Cale e que sabe-se lá por que praticamente não tocou nas rádios daqui do Sul. Não, não tocou nem na Ipanema FM… O único caso de um CD inteiro que eu fiquei destrinchando foi o “Ok computer”, do Radiohead (excetuando a primeira música).

O problema se dá quando não tenho o CD e tenho que procurar por aí, para poder dar descanso para a cabeça. Sim, descanso, já que enquanto eu não puder ficar horas e horas destrinchando a música ela fica ali, no cantinho do cérebro, surgindo de vez em quando, se tornando, por incrível que pareça, algo incômodo. É por isso que eu adoro a MTV, já que sempre coloca o nome da música que está tocando e o nome do CD. Lembro que fiquei com “Never There” dias na cabeça, até assistir na MTV o nome da banda e saber onde podia encontrar a música, já que o ótimo inglês do pessoal que trabalha em rádio aqui no Sul sempre me fazia entender que o nome da banda era “Queigi”… Como o k de Cake ficou com som de g para mim é uma incógnita que desafia a minha compreensão do inglês. O fato é que foi graças à MTV que finalmente descobri que música era aquela.

Agora imagine o seguinte: o ano é 1988 e você tem 17 anos. Você costuma dormir no sofá da sala da frente da sua casa, onde há um belo aparelho de som Polyvox, e este aparelho está geralmente sintonizado na Ipanema FM. Uma bela noite, com você naquele estado meio dormindo meio acordado, eis que toca uma música que chama a sua atenção, a ponto de te despertar totalmente. Você acha ela bárbara, perfeita, uma pérola comparável a “Listening Wind”, do Talking Heads, apesar de ser completamente diferente. Um som que fugia totalmente do convencional, que tinha um vocalista incrível com um guitarrista melhor ainda. Pois bem, essa música foi a última do Clube do Ouvinte daquela noite, e você não conseguiu entender o nome da música e da banda, já que você essa época não entendia uma palavra que fosse em inglês excetuando o verbo to be. Pois é, foi isso que aconteceu comigo. Na hora achei a música muito legal, boa, e me virei no sofá e voltei a dormir. O problema apareceu umas duas semanas depois, quando percebi que aquela música não saia da minha cabeça. Não saia e ficou ali martelando, aparecendo nos momentos mais estranhos, chamando a minha atenção. Levando em conta que quando eu ouvi eu estava meio que dormindo e não peguei muitos detalhes, isso tornou impossível poder chegar numa loja de discos (estávamos em 88, lembre-se disso) e perguntar “Olha, você conhece uma música que é assim assim assado?” Não, não dava, até porque os detalhes que eu lembrava eram das partes mais intrincadas da música, as mais complexas.

Num primeiro momento até achei que fosse uma música do Talking Heads que tivesse a participação do Robert Fripp, do King Crimson, já que o vocalista tinha um jeito esquizofrênico de cantar muito parecido com o do David Byrne. Essa hipótese não era de todo absurdo até por que os dois já haviam trabalhado junto no LP “Fear of Music”, com destaque na música “I Zimbra”. Quero dizer, eu achava que era o Robert Fripp, mas não tinha certeza alguma, até porque dizer que um guitarrista de uma música era o mesmo guitarrista de outra baseado só numa audição é algo completamente fora de órbita. E para complicar, do King Crimson nem com reza braba você conseguia encontrar um disco prá vender aqui no Brasil. Só se encontrava o “In the court of the crimson king”, que foi gravado lá em 1969. É claro que o Clube do Ouvinte ainda tinha dessas particularidades: tocavam-se discos que não tinham sido lançados no Brasil. Resumindo: tava num mato sem cachorro, já que na época eu não tinha (e ainda não tenho) dinheiro sobrando para ficar importando discos, ainda mais para ficar procurando uma música que eu não tinha certeza de quem era, quem tocava, etc…. Pois bem, os anos passam, e aparece uma tal de Internet. Daí, apareceu o MP3. Para melhorar, apareceu o Napster. Isso é história mais que conhecida, contada e recontada todas as semanas nos suplementos de informática dos jornais. E é claro que foi aí que eu ví que estava a minha chance de encontrar a tal música. E assim foi feito: sempre que eu estava conectado em casa, fazendo algo que não obrigasse uso realmente exclusivo da rede, lá estava o Napster aberto procurando por arquivos de músicas do Talking Heads da fase inicial, quando eles foram produzido pelo Brian Eno e que resultaram nos seus melhores trabalhos. Não achei nada que confirmasse que o vocalista era o David Byrne, de forma que passei a procurar por músicas do Robert Fripp e do King Crimson. Não conseguia tirar da cabeça a idéia que era ele que tocava naquela música, e isso que não sou nenhum admirador de guitarristas e seus estilos. Mas o fato é que o Robert Fripp realmente toca de um jeito extremamente pessoal. Eu não tinha a certeza se aquela música era realmente deles, como já disse antes, mas por que não tentar? O pior que podia acontecer era ter um monte de músicas boas gravadas no HD.

E assim foi feito. Horas e horas de download, de transferências
interrompidas, de arquivos mal gravados, de arquivos de 12 Mb levando horas para serem baixadas (bendita seja a tarifa única no fim de semana) até que… a história chega ao seu fim! Sim, eu encontrei a música. Sim, finalmente eu ouvi de novo aquela música que eu ouvi a 11 anos atrás, e que ficava alí num cantinho do cérebro chamando a minha atenção, lembrando que ela existia. Para a minha surpresa, o guitarrista era realmente o Robert Fripp, a banda era realmente o King Crimson. Assim, eis que agora “Three of a perfect pair” está agora sendo executada no meu computador pela n-ésima vez. E foi graças ao computador e às redes que agora posso ouvir essa música, algo impensável a 11 anos atrás… E quanto à música, é a melhor coisa que o King Crimson já fez? Não, não é, mas de qualquer maneira é muito boa, e fico feliz de ter ficado com ela tanto tempo na minha cabeça.

Há certas neuroses que não são tão ruins assim.

E o detalhe interessante é que só esse fim de semana me toquei de uma coisa: o Adrian Belew, que era o vocalista do King Crimson na época do “Three of a perfect pair”, já foi guitarrista do Talking Heads também. É interessante ver como ele realmente pegou o jeito de cantar do David Byrne…