Tenho uma amiga com quem me correspondo a anos, sem nunca termos nos encontrado, num legítimo esquema “nunca te vi sempre te amei”. É a Andrea Onida Gruber. Trocamos correspondência desde 1987, quando que publiquei na revista Bizz uma nota dizendo que eu queria trocar cartas com pessoas que gostava de Talking Heads e Legião Urbana. Veio uma série enorme de cartas, mas depois de responder a quase todas elas (tinham algumas que era ridículas) mantive correspondência com umas 4 ou 5 pessoas até que fiquei trocando idéias só com a Andréa. Ela, aliás, é uma das pessoas mais legais que eu conheço e nesse meio tempo já trocamos dezenas de cartas, como gastamos horas e mais horas no telefone. Atualmente ela mora na Áustria, e tem um filhinho lindo, que conheço por fotos.
E foram essas fotos que me fizeram parar de escrever para ela. De vergonha. É que na carta ela pediu para eu enviá-las de volta, já que eram a única cópia. Ok, nenhum problema se eu não tivesse perdido as fotos. Sim, elas simplesmente se escafederam da minha vista, não sabia mais onde encontrá-las Eu revirei o meu apartamento aqui em São Leopoldo, a casa dos meus pais em Taquara, e nada… E quem é que disse que eu tinha coragem de contar pra Andrea que tinha perdido as fotos do filhinho dela? Isso sem contar a do casamento! Caramba!
Pois bem, hoje, ao olhar pela milésima vez o email que ela tinha me mandado pedindo notícias, de repente me deu o estalo. Abri a gaveta aqui na mesa do meu computador, revirei e voilá: achei! Achei numa gaveta que eu já tinha revirado várias e várias vezes. Não consigo entender como é que antes eu não tinha visto o envelope da carta antes, como é que eu não tinha notado ele, mas o fato é que a carta estava aqui, ao meu lado, esse tempo todo. Assim sendo, pude mandar uma mensagem para a Andrea dizendo que estou morrendo de vergonha por não dar notícias, que eu não entrara mais em contato pois achava que tinha perdido as fotos e que amanhã, com mais calma, eu dou mais detalhes de como eu estou… Que coisa…