A vida continua

Pronto, eis que chegamos ao mês de janeiro. Acabam assim as festas, confraternizações, comilanças e tudo mais. Sim, tivemos o tsunami, e mais uma vez a percepção de que diante da natureza somos um nada. Mas, enfim, pelas fotos nos jornais, com pessoas fazendo festa ao redor do mundo, muita gente não está nem aí para o fato de que milhares de pessoas morreram lá na Ásia. Eu e meus amigos não fizemos um minuto de silêncio mas falamos sobre o assunto, com aquela sensação de completa e total impotência. Assim sendo, chega janeiro e voltamos à nossa vida simples de sempre, com a desvantagem de passar calor e ficar derretendo. E tem gente que adora o verão…

Ah, meus pais não me ligaram da praia. É gozado ver como isso me deixa um pouco perturbado. Não com aquele sentimento \”pô, eles não gostam de mim?\”, mas sim com uma pequena paranóia do tipo \”será que eles estão bem?\”. De qualquer maneira amanhã eles devem estar em Taquara e daí vou ter notícias. Por hora só posso mandar um feliz de aniversário de casamento pro meu pai e pra minha mãe: nesse dois de janeiro eles fazem aniversário de casamento. Não tivessem os dois tido a coragem de dizer sim um para o outro a uns quarenta anos atrás eu não estaria aqui enchendo o saco de todo mundo 😉

Todas fotografias são memento morri


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Susan Sontag – 1933 / 2004


O primeiro contato que eu tive com Susan Sontag foi na revista Leia, onde falavam sobre o ensaio AIDS e suas metáforas. O segundo contato foi ao ler o livro Sob o Signo de Saturno. Isso foi o quê? 1989? 1990? Não lembro, só lembro que eu lia e via uma inteligência genial em cada palavra ali colocada. Depois li muito mais coisas dela, e mesmo quando ela errava feio (é a velha história: levar um discurso político a sério é sempre algo perigoso) eu gostava de ler ela, já que geralmente vinha uma argumentação sólida, bem feita, onde a gente via que ela tinha motivos para dizer o que estava dizendo. Assim foi com tristeza que fiquei sabendo que ela faleceu terça-feira. Desculpe-me a humanidade, mas essa morte me tocou muito mais profundamente que a morte das milhares de pessoas na Ásia…

Campeão

Acabo de ver o filme mais deprimente que eu já vi na minha vida:

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Fiquei conhecendo esse filme numa lista de discussão, por causa do Philip Seymour Hoffman. Estavam comentando como ele é um dos melhores coadjuvantes que tem, fazendo todos os papéis losers possíveis e imagináveis. Bem, em Com amor Liza ele chega no fundo do poço, onde ele é o protagonista e faz o papel de um webdesigner deprimido que se vicia em cheirar gasolina depois do suicídio da esposa. Não, o filme não tem final feliz. Sim, é uma depressão só.

E sim, é um belo filme.

Só que não olhe num dia ruim. Dica de amigo.

O véio máximo

Por que cargas d´água os cabelos que cresciam na cabeça agora crescem na orelha?Superguidis

Pois é, não basta eu estar praticamente surdo do ouvido direito (inflamação do conduto auditivo externo, provavelmente uma otite externa). Não, não basta. Tenho que ter a desagradável surpresa de ver três fios saindo da orelha hoje. Três! E não, não eram três fiozinhos, eram três fios, que pareciam até de cabelo. Foi ver aquilo e sair arrancando.

Definitivamente tô ficando velho.

Só para constar

Não quero dizer nada, mas a melhor música do século XX é 21st Century Schizoid Man, do King Crimson. Isso que tivemos Stravinsky, Miles, Tom Jobim, Coltrane, as duplas Lennon & McCartney e Reed & Cale, Frank Zappa, o albino Hermeto e mais um catatau de gente genial.

É 21st Century Schizoid Man, do King Crimson, a melhor música feita no século XX. Simples assim. Deu pra bola.

E não, não estou aberto a discussões.

Dois programões

É a velha história do quando se tem algo para fazer é em dose dupla: sexta-feira terá show da Thös-Grol e da Farveste (banda formada por integrantes da Thös-Grol e da Sensifer) na Casa do Balanço (Protásio 817, Porto Alegre), além de discotecagem do Douglas. Para quem gosta de post-rock vai ser uma noite e tanto:


Enquanto isso, aqui em São Leopoldo, lá no Atelier Zumbi, vai ter um evento daqueles únicos: Cidade e Von vão tocar, junto com o Mac e o Rogério, músicas antigas da Viana Moog. Um pouco de nostalgia agora que a Viana tá no estúdio gravando seu novo disco. E depois vai ter discotecagem do Dani.

Sou um bobo romântico

Acabo de ver um filme, o Como se fosse a primeira vez, com a Drew Barrymore e o Adam Sandler. O quê? É uma comédia romântica boba? Pois é, é, mas vou fazer o que se eu sou um bobo romântico e gostei do filme?
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Sabe o que é voltar o fim do filme várias vezes e ficar olhando? Pois é.

Mas o pior de tudo é olhar o filme e depois ouvir Kiss me, do Sixpence None The Richer. Não, essa música não está na trilha sonora do filme. Tem Flamming Lips, The Cure, Echo and The Bunnymen, mas para a minha sorte não tem essa música. Se tivesse ia ficar voltando a cena vezes demais. O que você quer que eu faça se eu acho que essa é a música para se ouvir abraçando a mulher que um homem conheceu ainda no jardim de infância e que cresceu junto contigo? Pois é, eu não tive essa mulher na minha vida, e sinto como se tivesse perdido algo, mas enfim, como eu já disse, sou um bobo romântico, deixe eu me emocionar com filmes bobos americanos.

E quanto ao Kiss me aí vai a letra:

Kiss me out of the bearded barley
Nightly, beside the green, green grass
Swing, swing, swing the spinning step
You wear those shoes and I will wear that dress.

      Oh, kiss me beneath the milky twilight
      Lead me out on the moonlit floor
      Lift your open hand
      Strike up the band and make the fireflies dance
      Silver moon\’s sparkling
      So kiss me

Kiss me down by the broken tree house
Swing me upon its hanging tire
Bring, bring, bring your flowered hat
We\’ll take the trail marked on your father\’s map

Música meiga, não?