Pois acabei finalmente de ler O Senhor dos Anéis. Sim, passei pelos três volumes da Martins Fontes e agora posso dizer que vou ver o filme entendendo toda a história. Claro, afinal a primeira parte foi tão corrida que foi muito bom eu ter lido o primeiro volume antes de ter entrado no cinema… Agora é esperar para ver os próximos dois filmes, que assumidamente vou ver pelos aspectos visuais e não pela história, que achei fraca. Sim, isso mesmo, eu achei a história fraca. Consigo entender a adoração em cima do livro por causa da ambientação, dos seres estranhos (gostei principalmente dos ents), de todo o universo ali criado, porém achei a história fraca, muito fraca, não passando de uma história simples de Bem contra o Mal. Maniqueísta ao extremo.
E é gozado como a medida que eu ia lendo o livro eu ia vendo a ironia de se fazer um filme sobre uma história dessas numa época dessas. Afinal, o que temos no livro? Temos um grupo de heróis que embarca numa missão suicida contra o Mal, o grande Mal, o Mal que ameaça a tudo: a cultura, o modo de vida e a própria vida. E para combater esse Mal era necessário ir até a fonte de poder dele, atravessando áreas hostis e se desviando de seres disformes. Eu lia e ficava rindo, imaginando relações com o que está havendo hoje com os Estados Unidos. Afinal o que é a \”America\” para os fundamentalistas islâmicos senão o grande Mal, que quer destruir a cultura deles (que é, detalhe interessante, monarquista), assim como ameaça a vida de todos (Rio +10 está aí para provar)? Tudo isso movido pela ganância de mais dinheiro, de mais poder? E o que se fez para combater esse Mal? Voluntários se infiltraram no meio do território inimigo, se misturam no meio deles, agindo de forma meia invisível e depois partem para cima de uma das fontes de poder do inimigo.
Sim, é estranho isso: ficamos fascinados com a história de Frodo e seus amigos, que vão de encontro ao Mal para combatê-lo, mesmo sabendo que podem não sobreviver, e ao mesmo tempo ficamos chocados quando vemos no mundo real isso acontecendo. Afinal, para os malucos que sequestraram os aviões a um ano atrás, o que havia era a vontade de combater o Mal, destruí-lo, nem que fosse com o sacrifício da própria vida, e é isso que o livro defende: que combater o Mal é necessário, nem que isso leve à morte.