Primeiro dia do Fórum Internacional de Software Livre 2002. Depois da abertura com as \”otoridades\”, onde não ouvi o caro governador Olívio Dutra chamando o código fonte de código força como ele fez em anos anteriores, fui ver a sessão livre UNIVATES: Uma fábrica universitária de Software Livre. Olha, é de ficar arrepiado vendo o que os caras lá estão fazendo… Simplesmente eles estão mostrando que equipes enxutas podem desenvolver software de qualidade dentro de um esquema colaborativo. E que produção: além do GNUteca e do Sagu, agora eles estão com o Miolo, o Agata Report e o Pila, isse sem falar do projeto Código Livre, que tem apoio da Free Software Foundation, um portal de projetos de software livre (já há 205 projetos registrados). A linguagem que a Univates está usando para desenvolvimento de seus projetos é o PHP (para projetos não web eles usam o PHP-GTK). Quando questionei do porque da adoção do PHP, e não do Java, o pessoal colocou que a maior vantagem de um em relação ao outro é que os desenvolvedores da universidade fazem parte da PHP.net, ou seja, não se fica na dependência da vontade de uma empresa no que diz respeito à ferramenta de desenvolvimento, podem interferir no desenvolvimento dela conforme for necessário. Achei isso uma boa idéia.
De tarde assisti à sessão livre E o FUST, vem ou não vem para as escolas?, onde foi colocado a quantas andas o projeto de universilização do acesso à Internet no Brasil. Foi a primeira palestra onde eu vi que o pessoal falando o nome Microsoft sem nenhum pudor, xingando até não poder mais o lobby que a empresa está fazendo junto ao MEC para que o PC Popular seja entregue às escolas sem dual-boot, isto é, apenas com Windows. Todos os palestrantes estavam indignados, e com razão, se levarmos em conta as histórias que eles contaram: desrespeito a leis já aprovadas, propaganda negativa junto aos diretores de escolas e professores no que diz respeito ao Linux, etc, etc, etc… Some a isso o apagão, a mudança de enfoque feito pelas empresas fabricantes de computador (\”popularizar\” o computador via isenção de impostos) e a falta de apoio político (software livre não é considerado estratégico, e o maior exemplo é o fato do IR poder ser declarado usando apenas Windows) e compreende-se porque o projeto não sai. Contudo o pessoal diz que há um lado bom nesse auê todo, que é a popularização do nome Linux.
De tarde ainda vi o workshop Desenvolvimento de uma intranet com software livre, onde o pessoal da UCPel desenvolveu a intranet deles em PHP. Status atual: inicial, apesar de já ter um monte de coisa pronto. E que o projeto em si vai passar por uma reestruturação, onde há a intenção de liberar um sistema para o público externo nos mesmo moldes que os projetos desenvolvidos pela Univates. Aliás, conversando pelos corredores, deu para perceber que a Univates está se tornando referência em termos de uso de software livre no meio acadêmico brasileiro…
Já de noite assisti ao tutorial Orientação a Objetos: dos conceitos básicos à análise, usando ferramentas livres, ministrada pelo Alessandro Binhara, da OpenSystem. Ok, tirando as três primeiras lâminas, onde o Binhara mostrou que não sabe o que é programação estruturada (pô Binhara, desde quando código estruturado tem goto? 😉 ), o tutorial foi muito bom. Sem dúvida foi a melhor explicação que eu já vi sobre o que é OO. Exemplos muito bem escolhidos, com uma abordagem que mostrava perfeitamente cada conceito, além de mostrar como desenvolver com ferramentas livres. Foi uma palestra que realmente valeu a pena, apesar de achar que programar usando vi é exagerar um pouco… 😉
E para encerrar o dia fui assistir ao Fernando Roxo, da Conectiva, falando sobre Software Livre: um novo modelo de negócios, onde pelas lâminas sobre TCO se percebe perfeitamente a forma que a Conectiva encontrou para se manter: suporte e treinamento. E pode-se dizer que eles cobram bem pelo treinamento… De qualquer maneira, para quem é empresário a palestra foi muito boa, desmistificando algumas coisas que falam por aí sobre o software livre. Um detalhe muito interessante que foi passado é que quase todos os bancos brasileiros hoje estão trabalhando com software livre. E como o próprio Roxo lembrou, quem gosta mais de ganhar e menos de perder dinheiro que banco? Assim sendo, se alguém tem dúvidas se SL é viável ou não é melhor parar para pensar…