Hoje de madrugada a melhor escritora comercial do país, a Hilda Hilst, morreu. Por que comercial? Porque como ela mesmo disse em várias entrevistas ela começou a escrever livros eróticos para ganhar dinheiro, para se manter. O detalhe é que os livros eram excelentes, sendo populares e sofisticados ao mesmo tempo, com um linguajar rebuscado que qualquer um entendia e absorvia. Coisa de gênio. \”Contos d\’escárnio/Textos grotescos\”, por exemplo, é um marco, contrariando totalmente a noção de que livros escritos para o mercado, visando lucro, tem que ter uma linguagem pobre (caso, por exemplo, do Paulo Coelho). Pena, pena mesmo, ela ter ido assim, sofrendo 🙁
E em homenagem a ela aí vai o poema do título desse post:
O escritor e seus múltiplos vem vos dizer adeus.
Tentou na palavra o extremo-tudo
E esboçou-se santo, prostituto e corifeu. A infância
Foi velada: obscura na teia da poesia e da loucura.
A juventude apenas uma lauda de lascívia, de frêmito
Tempo-Nada na página.
Depois, transgressor metalescente de percursos
Colou-se à compaixão, abismos e à sua própria sombra.
Poupem-no o desperdício de explicar o ato de brincar.
A dádiva de antes (a obra) excedeu-se no luxo.
O Caderno Rosa é apenas resíduo de um \”Potlatch\”.
E hoje, repetindo Bataille:
\”Sinto-me livre para fracassar\”.
Update: a Fabrina botou um texto massa sobre a Hilda na Fraude, texto daqueles que é uma real homenagem a um escritor da qual se gosta muito. Vale ir lá ler.