Comprar ou não comprar?

Aconteceu o que eu imaginava: depois de uma conversa com o resto da família em Taquara minha mãe hoje me telefonou recomendando não comprar o ap, que na verdade eu deveria procurar mais. O argumento:

  1. que no apartamento bate sol à tarde, de forma que ele fica quente;
  2. que se um dia alguém construir um prédio em volta o sol não vai bater no apartamento, e daí o apartamente fica sem sol.

Não, não consigo levar esses argumentos a sério. Afinal basta botar um ar-condicionado, chegar em casa, ligar, e sair para dar uma voltinha, que em meia-hora a situação já tá corrigida. Além disso para mim uma casa é um lugar para se dormir, onde eu só entro depois das 23 horas. E no fim de semana? Oras, para que será que minha mãe está pensando que eu quero comprar um carro? Justamente para não se ficar em casa! Eu na verdade estou comprando um lugar para dormir e depositar as minhas bugigangas, e que seja confortável para eventualmente ficar recebendo amigos.

E quanto ao segundo argumento? Olha, se alguém resolver botar um prédio na frente do apartamento (coisa que duvido muito, levando em conta a região – as construtoras estão apostando mais nos bairros, não no centro) e esse não for um paredão de cimento, mas sim com janelinhas simpáticas onde eu posso dar uma olhadinha de vez em quando e ficar me divertindo com a comédia que é a vida das pessoas, eu vou dar pulos de alegria. Eu não gosto de sol, não gosto mesmo, de forma que, por exemplo, nem a pau compro um apartamento onde o sol bate de manhã. Eu odeio sol batendo no meu quarto pela manhã. Fico puto da cara ao acordar de manhã e olhar o quarto todo iluminado. Fico puto da cara ao receber um banho de luz na cara depois de ficar horas com os olhos fechados. Eu quero penumbra ao acordar, eu quero que meus olhos se acostumem aos poucos com a luz. É por isso que, entre outras coisas, eu nunca gostei do meu quarto lá em Taquara. Ele dá direto pro leste, e do lado da casa tinha uma droga de terreno baldio. Durante anos fiquei torçendo para alguém botar uma construção lá, de forma a tornar o meu quarto um local onde só batesse sol lá pelo meio-dia. Eu simplesmente odeio sol. Para mim o tempo poderia ser eternamente nublado. É o tipo de dia que me faz me sentir bem. Aliás, fico pensando se uma das primeiras medidas que vou fazer no apartamento não vai ser colocar no quarto e na sala uma cortina dupla cobrindo a parede inteira. Uma cortina branca, para não absorver o calor, e uma preta, para não deixar um naco de luz que seja entrar.

Outra coisa: por mais que eu procure eu nunca vou achar o apartamento perfeito. Se eu conheço a minha mãe sempre haverá um problema, sempre haverá alguma coisa que não é boa. Assim, para que eu vou ficar me angustiando se onde eu moro não é a oitava maravilha do mundo? Se for um lugar agradável na maior parte do tempo, o que me pareceu ser o caso, tá perfeito. É por causa disso que eu não queria que minha mãe tivesse vindo, que quando eu liguei para a minha irmã eu pedi para ela vir sozinha. Afinal eu queria um parecer técnico, parecer que na hora foi positivo, onde ela não botou nada contra, absolutamente nada. Não duvido que a minha mãe ficou buzinando os ouvidos do pessoal lá em casa e colocando o contra e eles só concordaram para que ela mudasse de assunto. Aliás, foi por isso que eu não fui para Taquara com eles. A última coisa que eu queria era ter que ficar discutindo com ela, dando justificativas. Eu odeio isso, simplesmente odeio. Ou seja: agora, em vez de eu estar tranqüilo que fiz uma boa compra vou ficar com a minha mãe me cobrando até o fim dos tempos porque eu não procurei outro lugar. Saco!

Sim, vou comprar o ap sim. Se a Caixa der o financiamento é meu o ap. E dane-se se bate sol nele na tarde: não batendo sol de manhã prá mim tá perfeito!

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